ELIANE CANTANHÊDE
Angústias existenciais tucanas
BELO HORIZONTE - Os oito governadores tucanos passam amanhã por um teste relevante e até curioso: vão mostrar ao digníssimo público e ao caríssimo eleitor se o PSDB pretende ou não exercer o papel que as urnas lhe delegaram -o de oposição.
Uma das principais bandeiras tucanas é (ou foi?) o combate à inflação, marco do governo Fernando Henrique Cardoso e do círculo virtuoso da economia brasileira. E eis que a inflação volta a rondar o país no governo Dilma Rousseff.
O Banco Central acaba de corrigir a estimativa de inflação de 5% para 5,6% neste ano e de jogar para 2012 (ou para as calendas?) o centro da meta de 4,5%. Enquanto isso, a previsão de crescimento vai no sentido inverso. Era de 5% para economistas laureados como os "pais do real" e de 4,5% para o governo. Agora é de 4%. Inflação em alta, crescimento em baixa...
Não bastasse, na quarta-feira, o dólar caiu 1,39%, bateu em seus valores mais baixos desde agosto de 2008 e deixou os exportadores descabelados, enquanto os brasileiros enchem as malas em Miami.
Pois bem. Os governadores "de oposição" vão simplesmente calar? Vão forçar a comparação com o Plano Real de FHC e cobrar providências? Ou, ao contrário, vão ser todos elogios às medidas da presidente e do governo do PT?
A reunião, seguida de almoço com Aécio e sem Serra, será aqui em Belo Horizonte, exatamente onde o ex-vice-presidente José Alencar recebeu ontem as últimas homenagens antes da cremação.
Ele nem era de oposição, mas sempre achou que tinha o direito e o dever de gritar contra juros altos, câmbio defasado, política econômica recessiva. Deve ser porque, além da coragem pessoal, era leal a suas posições e a seus princípios -coisas que andam em falta por aí.
PS 1 - O 31 de março passou e ninguém nem notou.
PS 2 - Capitão e deputado Bolsonaro, por que não te tratas?
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