Maia chora ao fazer balanço e diz que poderia ter agido para derrubar Temer, mas tem ‘caráter’
Não sou você amanhã Um dos artífices da vitória de Michel Temer desta quarta (2), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chorou diante de seus colegas de bancada ao fazer um balanço dos últimos meses, quando vislumbrou a possibilidade de se tornar o mandatário da República, mas escolheu recuar. Aos aliados, confessou ter se sentido pressionado, mas disse não se arrepender de nada. Deixou claro que, se quisesse, poderia ter derrubado o peemedebista. Não o fez, afirmou, por ter “caráter”.
Lucro Maia fez o desabafo em jantar com deputados do DEM, na noite desta terça (1º), véspera da votação da denúncia. Pessoas próximas ao presidente da Câmara avaliam que ele “sai maior do que entrou na crise” e admitem que ele mira voos mais altos em 2018.
Nossa vez Passada a votação da denúncia, o DEM se debruçará sobre os debates a respeito de sua refundação. Os parlamentares que estão à frente das discussões querem colocar na rua, na próxima semana, o mote do novo partido: “Desenvolvimento econômico para garantir o desenvolvimento social”.
RG O Democratas vai mesmo mudar de nome. Cogita a sigla MUDE: Movimento de Unidade Democrática.
Mortos e feridos A votação da denúncia contra Temer provocou avarias profundas no PSDB. No saldo final, a maioria da sigla votou a favor do presidente, com 22 votos a 21 — quatro deputados faltaram à sessão. O resultado deve dar força à decisão de Tasso Jereissati (PSDB-CE) de deixar a presidência da sigla.
Chefe mandou O anúncio do líder do PSDB, Ricardo Trípoli (SP), de que encaminharia voto a favor da denúncia foi visto como um erro crasso. Ele acabou mobilizando a ala afeita ao governo a trabalhar para garantir maioria. Antes de fazer o pronunciamento, Tripoli falou três vezes com Geraldo Alckmin.
Vai ter troco Como reação, ala do PSDB pró-Temer começou movimento para esvaziar a possível candidatura de Alckmin ao Planalto, ventilando o nome de Marconi Perillo (GO) como opção.
Nem aí Petistas admitem que o resultado obtido por Temer evidenciou a debilidade da articulação política de Dilma Rousseff no impeachment. Ela não acompanhou a votação da denúncia.
Em marcha Em conversas com líderes do Congresso, Henrique Meirelles (Fazenda) disse que pretende, em no máximo dez dias, reinserir a reforma da Previdência na pauta de prioridades. Ele vai marcar reunião para debater o tema com parlamentares.
No forno A Fazenda faz os últimos ajustes no projeto que atualiza a lei de recuperação judicial, uma das apostas para reaquecer a economia. O texto vai permitir que empresas quebradas possam tomar crédito com seus credores. Quem liberar o empréstimo ganha prioridade na fila de pagamentos.
Página virada Com a vitória, Temer quer baixar a poeira da crise. Não decidiu se vai retaliar os traidores. Quer estudar caso a caso antes de fazer trocas no governo.
Sem fígado Temer recebeu, já nesta quarta (2), ligações de deputados que votaram contra ele, mas queriam justificar o gesto alegando problemas nas bases eleitorais.
Tranquilão Pouco antes da votação, o advogado de Temer, Antônio Claudio Mariz, pediu três bolas de sorvete. Deputados brincaram que ele era o retrato do clima de já ganhou.
Visita à Folha Luis Sobral, presidente da Abraosc (Associação Brasileira das Organizações Sociais de Cultura) e diretor-executivo da Apaa (Associação Paulista dos Amigos da Arte), visitou a Folha nesta quarta-feira (2). Estava acompanhado de Flavia de Leon Vaz, assessora de imprensa.
TIROTEIO
Nunca se observou tamanho desrespeito ao povo brasileiro. O cinismo e o descaramento de Michel Temer precisam ser punidos.
DO DEPUTADO IVAN VALENTE (PSOL-SP), sobre a negociação de emendas e cargos feita por Michel Temer para assegurar votos contra a denúncia.
CONTRAPONTO
A parte que me cabe neste latifúndio
Com a profunda divisão no tucanato a respeito da denúncia contra Michel Temer, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), aliado do presidente, decidiu fazer uma provocação a Nilson Leitão (PSDB-MT), que comanda a Frente Parlamentar da Agropecuária e havia participado, na véspera da votação, de um encontro no Planalto.
— Como é, Nilson? O PSDB indica voto e diz que a maioria do partido vai votar contra Michel, mas quero saber é se vai deixar os cargos no governo?
O tucano deu um tapinha nas costas do colega de plenário e respondeu, de pronto:
— Pergunte para os que estão fora. Eu estou dentro!
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