Jaime Cimenti
O Oriente de Felipe Daiello
Detalhe da capa do livro Ventos do Deserto REPRODUÇÃO/JC Ventos do deserto (Editora AGE, 408 páginas), apresentado pelo professor e editor Paulo Flávio Ledur, é o 12º livro de Felipe Daiello, engenheiro, empresário e escritor gaúcho, autor de vários livros de literatura infantil e do romance As rodas da fortuna (Editora AGE, 2015), com narrativas que percorrem a história do mundo.
O denso e caudaloso romance Ventos do deserto se insere perfeitamente numa forte tendência literária das últimas décadas do século XX e início do atual, que apresenta romances históricos ou com fundo histórico, como é o caso de O tempo e o vento de Erico Verissimo. A narrativa envolvente de Daiello apresenta o protagonista espião e empresário Michael Müller, que, de um momento a outro, passa de capitão do exército de Israel a representante comercial da Brazilian Foods, para trabalhar como espião em terras árabes.
Logo de início, os leitores vão se deixar levar pelo personagem principal, pelo ambiente de permanente conflito do Oriente Médio, com seus extremismos religiosos e suas querelas entre sunitas e xiitas e por muita ação. Na apresentação, Ledur escreve: "ao narrar episódios de lutas, disputas entre religiões e conflitos de personagens de dupla face, perdidos entre perigos, dunas e costumes tribais, Ventos do deserto proporciona momentos de intenso envolvimento com o rico enredo, sem contar que leva o leitor ao conhecimento das razões do permanente conflito entre os povos daquela região".
Registrando o noticiário internacional da BBC e da CNN, e a rotina sangrenta do Oriente Médio, as ações do romance se passam no Iêmen, Mar Vermelho, Emirados Árabes, Canal de Suez, Sinai, Omã e Jerusalém. Movimentos populares, guerras tribais, o surgimento dos guerreiros de preto, o Estado Islâmico, a Sharia como constituição, a luta contra os pecados da civilização judaico-cristã e outras questões seculares estão no livro, que trata, como se vê, da questão mais candente de nossos dias. Não ficaram de fora da narrativa a luta pela Terra Prometida e a questão do Curdistão, bem como a expansão da nova Rússia, a política de Obama, o surgimento de novos califados e o retrocesso da democracia na Turquia.
O lançamento da obra, com apresentação e autógrafos, acontece neste sábado, às 16h, na Livraria Cameron do Shopping Bourbon Wallig. Acumuladores Desde o dia em que o primeiro homem das cavernas resolveu catar pedaços de javali, frutos e folhas para o café, o almoço e o jantar do dia seguinte, os seres humanos nunca deixaram de ser acumuladores, ao menos os que têm algo para juntar. Na real, todo mundo acumula alguma coisa, até mendigos e moradores de rua, com carrinhos de supermercado. Os povos nômades até que acumulam pouco, talvez porque ficar carregando coisas nas costas era e sempre foi complicado e não era toda hora que tinham mulas, cavalos, camelos e outros animais para servirem de burros de carga.
Hoje, alguns nômades têm trailers, automóveis, caminhões e camionetes. Alguns povos nômades acumulam dinheiro ou metais, riquezas mais fáceis de levar e que podem comprar os objetos acumuláveis logo ali adiante. Há pessoas que acumulam jornais, fios, sapatos velhos ou novos, roupas velhas e novas, parafusos, livros, revistas, discos de vinil, eletrodomésticos usados, moedas, tampinhas, rolhas usadas, bonecas Barbie, velhos barbantes, garrafas e latas velhas cheias ou vazias, de cerveja, vinho, refrigerante ou outras bebidas. Enchem a casa ou o apartamento de tudo quanto é tralha possível.
Outros preferem acumular dinheiro, imóveis, barcos, maridos, esposas, filhos, netos, honrarias, diplomas, automóveis, aviões e outras modernidades. Alguns acumuladores são "colecionadores" de um único tipo de objeto. Vi na internet uma senhora que tem um apartamento cheio só de elefantes de brinquedo, todos com a bunda voltada para a porta, e soube de um senhor oriental que tem umas nove mil Barbie. Alguns ainda têm haréns de mulheres, e algumas damas colecionam homens.
Depois dizem, como a Zsa Zsa Gabor, que casou nove vezes e viveu 99 anos: sou uma perfeita dona de casa, toda vez que me separo, fico com a casa. Há quem diga que, no fundo, pessoas juntam dinheiro, propriedades, pessoas ou o que for porque aí acham que não vão morrer. Morrem e não levam as coleções no caixão, mas não deixam de colecionar esperanças, sonhos e vontades.
Pois é, existem as coleções de amores, esperanças, ilusões, frustrações e a pior de todas, a coleção de medos. Colecionar medos é acumular a si próprio, guardar-se para morrer com pouco uso. É brabo! Óbvio que é preciso acumular alguma coisa na geladeira para o dia de amanhã ou para os invernos da vida, feito esquilo. Há quem tenha uma despensa abarrotada, de preferência em algum porão à prova de bombas, com medo de alguma guerra ou fim de mundo. O problema é quando pessoas, grupos e países acumulam demais, não deixando os outros acumularem.
O pior é que alguns por cento acumulam a maior parte do poder e a grana do planeta. Dizem que os oito maiores bilionários do mundo têm tanto quanto os 3,6 bilhões de pessoas que são a metade do planeta e que 1% da população tem mais riqueza que os 99% restantes. É muito acúmulo e para quê? É preciso achar uma forma de dividir melhor o butim.
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