Bisavó começa a namorar aos 87 anos e sonha em casar
Apresento nas linhas abaixo duas pessoas que me inspiram todos os dias a escrever este blog, uma delas conheci há alguns meses e já tenho um apreço enorme, a outra me carregou no colo assim que nasci. Dedico a você, vó Eza, todo o meu carinho e agradecimento por renovar minhas esperanças no amor diariamente. <3 em="">3>
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“No meu tempo, a gente não namorava tão rápido como vocês fazem hoje em dia”. O discurso, clichê de tantos avós, perdeu o sentido para Therezinha Alves, uma bisavó que, aos 87 anos, recebeu o único pedido de namoro da vida, apenas oito dias depois da primeira troca de olhares com Antônio, 76.
Os idosos se conheceram no pensionato onde vivem, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Ela, que até então morava com os filhos, tinha mudado para o local havia pouco tempo. Ele chegou meses antes.
Após o primeiro papo, diariamente eles tinham conversas sobre clima, preços do supermercado e outras amenidades. Não demorou muito para Antônio ter certeza de que era a hora de propor algo menos casual:
“Therezinha, posso chegar perto de você para começar a falar de amor e de família?” A reposta veio sem rodeios: “Tudo bem”. Novos apelidos vieram na sequência: “bem” e “amor”.
Viúva há 13 anos, ela conta que nunca namorou antes, ao menos não do jeito que estamos acostumados. Ainda era adolescente, no interior de Minas Gerais, quando ficou noiva de um primo que havia visto uma ou duas vezes. O casamento foi fruto de um acordo feito pelo pai dela. “Eu até gostava de um outro rapaz na época, mas não teve jeito, tive de me casar com o Zé”, a quem nem conhecia direito.
O casamento arranjado, a mudança de cidade, os medos, as descobertas e a convivência que se transformou em amor com a chegada dos filhos. O enredo seria semelhante ao de muitas mulheres da mesma idade, se não fosse a surpresa de encontrar um amor no momento em que “não esperava mais nada da vida”.
MUDANÇAS POSITIVAS
O filho caçula, Dorival Braga, 61, conta que, após a mãe sofrer um AVC, “era como se ela tivesse perdido um pouco a vontade de viver”. Com depressão, ela não tinha vontade de sair de casa, de caminhar e até mesmo de pentear os cabelos. Movimentos simples, como tirar o prato da mesa ou sair para tomar sol, eram penosos para ela.
O filho caçula, Dorival Braga, 61, conta que, após a mãe sofrer um AVC, “era como se ela tivesse perdido um pouco a vontade de viver”. Com depressão, ela não tinha vontade de sair de casa, de caminhar e até mesmo de pentear os cabelos. Movimentos simples, como tirar o prato da mesa ou sair para tomar sol, eram penosos para ela.
Braga diz que quando insistia para que ela seguisse as recomendações médicas e fizesse uma pequena caminhada, uma resposta mau-humorada vinha na sequência. Em nada lembrava a avó cheia de vigor que reunia a família e os agregados em volta da mesa recheadas de quitutes.
Quando deixou a casa de um dos filhos para morar no pensionato, relata o outro filho, José Braga, 63, a família sabia que poderia ouvir críticas e também temia que ela pudesse não se adaptar, mas não foi bem assim.
Logo depois de conhecer o novo companheiro, o comportamento de Therezinha mudou. Quis que os cabelos brancos e na altura dos ombros dessem lugar a tons louros e repicados. As unhas ganharam uma cor para cada semana. Até com o sobrepeso passou a se preocupar.
O filho diz que não poderia vislumbrar algo mais positivo do que esse romance para a vida da mãe, pois são nítidas as mudanças que ela apresentou, principalmente em relação à saúde e ao comportamento. “Depois do namoro, ela é uma mulher mais expansiva, bem-humorada, liberal e alegre”.
INTIMIDADE NA TERCEIRA IDADE
Therezinha não quer saber apenas de mãos dadas no jardim. Tratou logo de chamar Antônio para o quarto para “passarem o dia juntos”. Hoje, quem vai visitá-la sempre o encontra e precisa tomar cuidado para não interromper um papo animado ou um momento de carícias.
Em visita ao casal, o blog chegou justo no momento em que Antônio fazia uma declaração para a amada: “Meu coração se enche toda a vez que eu te vejo”. E as demonstrações de afeto não pararam durante o bate-papo com a dupla.
Enfim Sós – Como é o relacionamento de vocês?
Antônio – Ela fala que eu sou como um marido para ela. Se pensarmos nas conversas que a gente tem, é verdade, mas só aquele amor de homem e mulher que ainda não deu tempo, porque cada um tem o seu quarto.
Como o sr. Antônio conquistou a senhora?
Therezinha – Ele me conquistou porque é muito carinhoso, tudo que eu peço ele faz para mim e eu sou muito apaixonada por ele.
E o que o senhor sente por ela?
Eu amo a Therezinha, ela é muito linda, adoro a simpatia dela, é como se ela fosse minha namorada de 20, 30 anos”.
Como é namorar na terceira idade? Se vocês pudessem dar um conselho para as pessoas que têm a mesma idade, o que diriam?
Therezinha: Amor não tem idade. É como se eu tivesse 17 anos.
Antônio: Eu não esperava encontrar um amor nessa idade, mas é só abrir o coração. As pessoas têm que amar o que está na frente delas.
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Therezinha diz que “não tem mais tempo a perder” e por isso quer celebrar a união com uma cerimônia “com a benção de Deus e dos filhos”.
Enquanto a data não chega, os namorados foram recrutados como noivinhos da festa julina do pensionato. O traje foi completo, com direito a véu, grinalda e sorriso no rosto:
Para Antônio, o sorriso tem explicação: “Nós somos um belo par, juntou o amor e a vontade de amar”.
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