Governo de SP estima arrecadar ao menos R$ 6 bi com holding da Sabesp
Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Folhapress | ||
O governador de SP, Geraldo Alckmin, discursa durante evento dos 15 anos da Sabesp na Bolsa de Nova York |
Em reunião na manhã desta quarta (30) com deputados na Alesp (Assembleia
Legislativa de São Paulo), o secretário da Casa Civil, Saulo de Castro,
afirmou que fundos internacionais de pensão têm demonstrado interesse
em investir em participações na holding que irá controlar a Sabesp. Com a
venda, o Estado estima arrecadar ao menos R$ 6 bilhões.
Um projeto
do governo Alckmin, em tramitação no Legislativo, prevê a criação de
uma sociedade controladora para reorganizar a estrutura societária da
Sabesp e atrair novos investidores para o setor de saneamento. Hoje, São Paulo detêm 50,3% da empresa pública. Em 2016, a empresa teve lucro líquido da ordem de R$ 3 bilhões.
O texto deve começar a ser discutido em plenário na sessão desta quarta,
após a votação pelas comissões das 76 emendas apresentadas. Algumas delas, apresentadas pelo PT e também por partidos da base aliada, serão incorporadas em nova redação da proposta.
"Pode cravar os 30%", afirmou Barros Munhoz (PSDB), líder do Governo,
referindo-se ao valor mínimo dos dividendos que deverá ser investido em
saneamento básico. O percentual foi proposto em emenda da bancada do
DEM, aliada do governo.
Munhoz também afirmou que incluirá a obrigatoriedade de priorizar o
investimento em ações no Estado com recursos que eventualmente conseguir
com contratos fora de São Paulo.
"O interesse [do projeto] é um só: ampliar a capacidade financeira do
Estado de São Paulo e captar recursos para a companhia fazer mais e
melhor, sem privatizar a Sabesp", afirmou o líder do governo.
A bancada do PT critica
a operação: o deputado Alencar Santana, líder da legenda na Casa,
afirmou que a premissa não é ajudar a Sabesp, mas atender investidores
que têm interesse no saneamento básico e que poderão atuar no setor por
meio da companhia.
"Quando se abriu o capital [da estatal] em 2002, promessas foram feitas.
O que se fez com aquele dinheiro? Não conseguimos resolver e promessas
não se concluíram, estamos longe da meta de universalizar o saneamento",
afirmou o petista.
Santana se referia a um decreto de 2012 de Geraldo Alckmin que
estipulava que São Paulo ampliaria a todos os cidadãos o acesso a
saneamento básico até 2020.
NOVOS MERCADOS
A holding poderá atuar em outros mercados, para além do tratamento de
esgoto e distribuição de água em São Paulo. Para Saulo de Castro, não se
trata de uma novidade: a empresa já mantém contratos em outros Estados
—por exemplo, com Alagoas.
Há interesse, ele afirmou, em atuar na coleta e tratamento de lixo, ajudando as prefeituras: "Lixo também é saneamento". Aos deputados, citou como exemplo a possibilidade de investimentos na
CEDAE, a companhia de abastecimento do Rio. À reportagem,
posteriormente, Saulo de Castro afirmou que essa operação ainda não está
nos planos e dependerá do interesse de futuros investidores.
Segundo ele, o perfil dos acionistas é o investidor "de longo prazo". Na
reunião, citou fundos de pensão do Canadá e do Japão, países
interessados em conversas com a companhia.
Presente no encontro com os deputados, Jerson Kelman, presidente da
Sabesp, comentou que há cerca de 280 projetos na fila para receber
recursos com a criação da holding. A prioridade, afirmou ele, será a continuidade da recuperação do rio Tietê, em andamento desde 1992.
Hoje, a Sabesp sobrevive exclusivamente dos recursos da tarifa de água.
Segundo Castro, a capitalização não terá impacto no preço, determinado
pela agência reguladora —que afirmou, em carta pública, não ter recursos para fiscalizar a atuação da empresa nos moldes da holding.
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