quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Governo de SP estima arrecadar ao menos R$ 6 bi com holding da Sabesp

Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Folhapress
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, discursa durante envento de celebração dos 15 anos da Sabesp na NYSE (Bolsa de Nova York)
O governador de SP, Geraldo Alckmin, discursa durante evento dos 15 anos da Sabesp na Bolsa de Nova York

Em reunião na manhã desta quarta (30) com deputados na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), o secretário da Casa Civil, Saulo de Castro, afirmou que fundos internacionais de pensão têm demonstrado interesse em investir em participações na holding que irá controlar a Sabesp. Com a venda, o Estado estima arrecadar ao menos R$ 6 bilhões.

Um projeto do governo Alckmin, em tramitação no Legislativo, prevê a criação de uma sociedade controladora para reorganizar a estrutura societária da Sabesp e atrair novos investidores para o setor de saneamento. Hoje, São Paulo detêm 50,3% da empresa pública. Em 2016, a empresa teve lucro líquido da ordem de R$ 3 bilhões.

O texto deve começar a ser discutido em plenário na sessão desta quarta, após a votação pelas comissões das 76 emendas apresentadas.  Algumas delas, apresentadas pelo PT e também por partidos da base aliada, serão incorporadas em nova redação da proposta.

"Pode cravar os 30%", afirmou Barros Munhoz (PSDB), líder do Governo, referindo-se ao valor mínimo dos dividendos que deverá ser investido em saneamento básico. O percentual foi proposto em emenda da bancada do DEM, aliada do governo.

Munhoz também afirmou que incluirá a obrigatoriedade de priorizar o investimento em ações no Estado com recursos que eventualmente conseguir com contratos fora de São Paulo.

"O interesse [do projeto] é um só: ampliar a capacidade financeira do Estado de São Paulo e captar recursos para a companhia fazer mais e melhor, sem privatizar a Sabesp", afirmou o líder do governo.
A bancada do PT critica a operação: o deputado Alencar Santana, líder da legenda na Casa, afirmou que a premissa não é ajudar a Sabesp, mas atender investidores que têm interesse no saneamento básico e que poderão atuar no setor por meio da companhia.

"Quando se abriu o capital [da estatal] em 2002, promessas foram feitas. O que se fez com aquele dinheiro? Não conseguimos resolver e promessas não se concluíram, estamos longe da meta de universalizar o saneamento", afirmou o petista.

Santana se referia a um decreto de 2012 de Geraldo Alckmin que estipulava que São Paulo ampliaria a todos os cidadãos o acesso a saneamento básico até 2020.

NOVOS MERCADOS

A holding poderá atuar em outros mercados, para além do tratamento de esgoto e distribuição de água em São Paulo. Para Saulo de Castro, não se trata de uma novidade: a empresa já mantém contratos em outros Estados —por exemplo, com Alagoas.

Há interesse, ele afirmou, em atuar na coleta e tratamento de lixo, ajudando as prefeituras: "Lixo também é saneamento". Aos deputados, citou como exemplo a possibilidade de investimentos na CEDAE, a companhia de abastecimento do Rio. À reportagem, posteriormente, Saulo de Castro afirmou que essa operação ainda não está nos planos e dependerá do interesse de futuros investidores.
Segundo ele, o perfil dos acionistas é o investidor "de longo prazo". Na reunião, citou fundos de pensão do Canadá e do Japão, países interessados em conversas com a companhia.

Presente no encontro com os deputados, Jerson Kelman, presidente da Sabesp, comentou que há cerca de 280 projetos na fila para receber recursos com a criação da holding. A prioridade, afirmou ele, será a continuidade da recuperação do rio Tietê, em andamento desde 1992.

Hoje, a Sabesp sobrevive exclusivamente dos recursos da tarifa de água. Segundo Castro, a capitalização não terá impacto no preço, determinado pela agência reguladora —que afirmou, em carta pública, não ter recursos para fiscalizar a atuação da empresa nos moldes da holding. 

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