04 de fevereiro de 2016 | N° 18435
CAMPO ABERTO | Gisele Loeblein
INDÚSTRIA DE MÁQUINAS QUER FEIRAS BIANUAIS
Diante do cenário de recuo nas vendas e alta dos custos, a indústria de equipamantos agrícolas do Rio Grande do Sul irá sugerir que feiras e exposições do agronegócio passem a ser feitas de dois em dois anos. Ainda no final do ano passado, por solicitação das empresas associadas, o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers) discutiu o tema em assembleia geral.
– Houve um pedido para a entidade intermediar a questão. Quando todo mundo estava vendendo bem, as feiras eram maravilhosas. Agora, não estão, e o custo é alto – pondera Claudio Bier, presidente do Simers.
O valor gasto em um evento varia de indústria para indústria, mas pode superar a casa do milhão. Além do estande, há despesas com transporte dos equipamentos, horas extras dos funcionários e estadia.
A proposta seria intercalar as feiras. Em um ano se faria a Expodireto-Cotrijal, por exemplo. No outro, a Show Rural Coopavel. Isso não incluiria, no entanto, a Expointer, feira realizada pelo governo do Estado, no parque Assis Brasil, em Esteio, que inclui exposição agropecuária.
Em pleno andamento, a Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), ficou neste ano sem a presença das grandes fabricantes. Devido ao ajuste de datas – a organização quis mudar o período da exposição e depois voltou atrás – Massey Ferguson, Valtra, John Deere, Case IH e New Holland não foram, dando prioridade para a feira de Não-Me-Toque, no Estado, que ocorre no período de 7 a 11 do mês de março.
Bier levará a proposta adiante e argumenta que, se necessário, se reunirá com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Presidente da Expodireto-Cotrijal, Nei César Mânica, diz que, se for procurado pelas empresas para discutir o assunto, irá conversar:
– Quero mostrar para elas a importância de realizar a feira anualmente, para não haver uma desmobilização. De dois em dois anos, se perde a motivação. E o evento a gente faz também para o expositor.
Nicho no refúgio
Há anos realizando campanhas para reforçar a importância da prática do refúgio nas lavouras de milho, com o objetivo de presevar a eficácia da tecnologia Bt (transgênica), a multinacional Monsanto deu um passo à frente.
Acaba de lançar, na Show Rural Coopavel, no Paraná, sementes específicas paras essas áreas não-Bt, com promessa de alto potencial produtivo. A empresa colocará no mercado cinco novos híbridos, adaptados a diferentes regiões do país. A tecnologia, batizada de RefúgioMax, estará disponível para ser cultivada na próxima safra, 2016/2017.
A recomendação dos técnicos para a cultura do milho é de que híbridos não-Bt sejam cultivados em 10% da área, em uma distância máxima de 800 metros da lavoura onde a biotecnologia é utilizada.
– A não adoção das áreas de refúgio aumenta o risco de perda da eficiência das sementes Bt, resistentes a insetos – explica Guilherme Lobato, gerente de biotecnologia de milho da Monsanto no Brasil.
Quanto ao custo da nova tecnologia, Lobato afirmou que será o próximo passo da campanha, com possíveis preços promocionais para incentivar a adoção.
Os híbridos desenvolvidos para áreas de refúgio poderão ser plantados em lavouras cultivadas com sementes da própria multinacional ou de outras marcas de tecnologia Bt disponíveis no mercado. A distribuição será por meio dos parceiros comerciais de milho da Monsanto: Dekalb, Sementes Agroceres e Agroeste.
OS PRIMEIROS CACHOS OFICIAIS
Foi no Vale do Rio Pardo que o Rio Grande do Sul deu a largada oficial da colheita da uva. Os primeiros cachos foram retirados dos parreirais da Casa Valduga pelo governador José Ivo Sartori. Neste ano, o impacto do clima reduzirá pela metade o volume produzido. A projeção é de que sejam colhidos 350 milhões de quilos da fruta.
– Mesmo com a dificuldade que os produtores têm, às vezes muita chuva, ou chuva fora de hora, tempo ruim em outra, geada fora de hora, ninguém perdeu o estímulo, e estamos avançando bastante nesta área que, com certeza, é muito importante para a economia do Rio Grande do Sul – disse Sartori.
Se no campo o trabalho segue a pleno, fora dele produtores continuam mobilizados na busca pela garantia dos recursos destinados à subvenção do seguro rural. Parlamentares voltaram a se reunir nesta semana com representantes do Ministério da Agricultura para tratar do assunto.
Segundo informações da pasta, as seguradoras se mostraram abertas a negociar o pagamento das apólices.
Mas o que os produtores querem mesmo, como pontua o presidente da Comissão Interestadual da Uva, Dênis Debiasi, é o uso de recursos previstos para 2016 para quitar valores em aberto de 2015 – o que exige elaboração de lei.
NO RADAR
AS PEÇAS do mercado global de produtos químicos se mexeram com o anúncio da compra da suíça Syngenta pela gigante estatal chinesa ChemChina. A oferta foi de US$ 43 bilhões. Comunicado afirma que a operação é a aquisição mais importante de uma empresa chinesa no Exterior.
ASSUNTO DA ASSEMBLEIA
O pedido para que as imposições da Lei Kiss em estabelecimentos agropecuários como aviários, armazéns e estufas de hortigranjeiros sejam reconsideradas vinha mobilizando o setor. E partir de agora poderá se tornar assunto também da Assembleia Legislativa.
O deputado Elton Weber (PSB) protocolou ontem proposta para criar uma comissão especial dedicada à lei complementar 14.376. Para ir adiante, a proposta precisa ser aprovada em plenário.
Colaborou Joana Colussi
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