23 de fevereiro de 2016 | N° 18454
ARTIGOS - FERNANDO FERRARI FILHO*
NO CURTO PRAZO, NÃO HÁ LUZ NO FINAL DO TÚNEL
Em 2015, segundo estimativa prévia do Banco Central (BC), a taxa de crescimento da economia brasileira foi de -4,1%. Para os anos corrente e próximo, as previsões de variação real do PIB, sinalizadas pelo BC e por organismos multilaterais, tais como o FMI, são de quedas de 3,5% em 2016 e de 0,5% em 2017. Caso sejam confirmadas estas previsões, em três anos o PIB brasileiro deverá acumular uma queda de 8%, a mais intensa e dinâmica retração de nossa economia ao longo da história.
Inúmeros motivos explicam esta provável performance da atividade econômica, entre os quais: erros de decisão econômica, desequilíbrio das contas públicas, aceleração da inflação, elevação da taxa de juros, perda do grau de investimento, corrupção e desdobramentos da Operação Lava- Jato, crise política e queda dos preços internacionais das commodities. Estes motivos acabam (i) recrudescendo a incerteza das expectativas para a tomada de decisão dos investimentos, (ii) afetando a renda e o consumo das famílias e (iii) limitando a ação estabilizadora do Estado.
A teoria econômica nos ensina que mercado e Estado, instituições que têm uma relação “simbiótica”, são imprescindíveis para dinamizar o crescimento econômico. O mercado é responsável pela alocação eficiente dos recursos, enquanto cabe ao Estado assegurar a estabilidade econômica.
Pois bem, adequando o ensinamento da referida teoria para a atual realidade econômica do Brasil, observamos que a alocação eficiente do mercado há muito está subordinada à preferência pela liquidez dos agentes econômicos (empresários, consumidores e bancos), bem como o Estado tem sido incapaz de exercer a sua função estabilizadora, pois ele não consegue restaurar a confiança dos emprestadores e tomadores de crédito, realizar – devido à fragilidade fiscal – gastos públicos produtivos e executar uma política monetária favorável a consumo e investimento.
Diante do exposto e na falta de perspectivas de mudanças deste cenário no curto prazo, infelizmente não “há luz no final do túnel” para a economia brasileira.
*Economista e professor titular da UFRGS
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