sábado, 20 de fevereiro de 2016



20 de fevereiro de 2016 | N° 18451 
NÍLSON SOUZA

A NAMORADA DO PAPA

Causou alvoroço em todo o mundo a revelação de que o papa João Paulo II tinha uma amiga íntima, com quem trocava correspondência e compartilhava momentos de lazer. De acordo com o documentário apresentado pela rede BBC, durante três décadas o Sumo Pontífice manteve uma amizade intensa com a filósofa norte-americana de origem polonesa Anna-Teresa Tymieniecka, que era casada e tinha três filhos. Ele a conheceu antes de assumir o trono de São Pedro, ainda quando era arcebispo da Cracóvia, a partir de uma conversa sobre um livro de sua autoria.

As cartas descobertas na Biblioteca Nacional da Polônia não deixam dúvidas de que o Papa dispensava especial atenção à amiga, chegando mesmo a classificá-la como “um presente dos céus”. Mas não vão além disso. Pelo contrário, os próprios jornalistas da emissora britânica, que leram os documentos, garantem que em nenhum momento os textos sugerem vacilo do religioso em relação ao celibato. 

As cartas da mulher, porém, não foram divulgadas – e há pelo menos um indício de que eram mais candentes. Em resposta a uma delas, antes de ser eleito papa, o cardeal Wojtyla diz que estava procurando resposta para as palavras “pertenço a você”, escritas pela missivista.

O âncora da BBC esquentou o episódio ao afirmar que o Papa e a filósofa eram “mais que amigos, mas menos que amantes”. Já o Vaticano, que trabalha pela santificação do polonês, apressou-se em lembrar que João Paulo II tinha estreitas amizades com diferentes pessoas, homens e mulheres. Tinha mesmo: há pelo menos outro caso conhecido de intensa troca de correspondências do religioso, com a médica polonesa Wanda Poltawska, que também manifesta por ele um sentimento próximo à devoção.

João Paulo II era um homem cativante. Quando esteve entre nós e colocou na cabeça um chapéu de gaúcho, até os tauras mais empedernidos se enterneceram. É absolutamente compreensível que as mulheres contempladas com sua atenção gostassem dele. E gostar, como diria o homem da BBC, é mais do que simpatia e menos do que amor.

Amizade talvez seja a palavra mais adequada. Quando verdadeira, sincera, autêntica, é mesmo um presente dos céus.

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