11 de fevereiro de 2016 | N° 18442
ARTIGOS - MARIA REGINA FAY DE AZAMBUJA*
BALADA (IN)SEGURA
O Brasil é o terceiro país com mais mortes no trânsito. Esforços têm sido empreendidos pelo poder público no combate ao motorista alcoolizado. Dados mostram o crescimento das abordagens realizadas pela Balada Segura. Paralelamente, maiores as possibilidades de evitar danos à saúde e à vida de todos nós. É no trânsito que pode ser medida a eficácia das ações de prevenção primária, o cuidado pela vida, que deve começar muito antes de chegar ao volante.
Onde começam os riscos? Onde está a raiz do problema?
Para não voltar aos primeiros anos de vida, afirma-se ser preciso investir em ações voltadas ao momento em que o uso do álcool inicia na vida dos futuros motoristas. Pesquisas já identificaram a idade precoce em que o uso do álcool costuma ocorrer no meio em que vivemos, por volta dos 13 ou 14 anos.
Não precisamos ir muito longe para nos certificarmos da veracidade dos achados. No verão, muitas festas programadas para acontecerem em clubes ou casas de festas, locais em que é vedada a comercialização de bebida alcoólica em seu interior, acabam se deslocando para a rua, calçadas, meio da rua. São muitas baladas que acontecem aqui e acolá.
A Balada Segura, reconhecida por todos os segmentos, já aponta, no próprio nome, um dos pontos desprotegidos e negligenciados, alertando, de certa forma, para ações de prevenção. Infelizmente, somos lerdos na ação, levamos muito tempo para nos conscientizarmos de que a responsabilidade é nossa, da família, da sociedade e do poder público. Não podemos esperar que os muito jovens, sob efeito do álcool, tenham condições de exercer a própria proteção e segurança. É momento de agir, unir esforços, chamar novos parceiros para o enfrentamento do descuido a que os adolescentes estão expostos.
O Ministério Público do Rio Grande do Sul, grupos de pais, escolas, instituições públicas e particulares, e diversos segmentos sociais abriram espaço permanente para tratar da proteção ao uso precoce do álcool por crianças e adolescentes. É só o começo. A mudança não vem de fora, depende de nós, da responsabilidade de cada um. Substituir a falta de parâmetros protetivos por ações em favor da vida é nosso dever e direito daqueles que ainda não atingiram os 18 anos.
Procuradora de Justiça Professora na Faculdade de Direito da PUCRS*
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