04 de fevereiro de 2016 | N° 18435
ARTIGOS - PAULO DE ASSIS BERGMAN*
CIDADÃOS DE BEM. QUEM?
Indago aos meus perplexos botões o porquê de os autodenominados cidadãos de bem invariavelmente fazerem a apologia da bala e de seus nefastos instrumentos de morte.
Aqui, um parêntese: “cidadão de bem” é expressão eivada de imprecisão terminológica, tal qual “mulher honesta” ou “loucos de todo o gênero”, oportunamente banidas do mundo jurídico pelo novo Código Civil Brasileiro.
Parece-me mais um dadivoso e gigantesco albergue, que a tudo e a todos acolhe. Basta querer fazer parte, que o indivíduo é contemplado com o abadá do Bloco dos Cidadãos de Bem. Sugestão aos gestores públicos: criação de uma Contribuição Provisória sobre a Abusiva Utilização da Expressão Cidadão de Bem (CPAUECB).
Outro aspecto interessantíssimo a envolver a abusiva utilização da expressão cidadão de bem é a esquizofrenia, perdão!, “esquerdofrenia” que acomete os que dela abusam. Explico: ao tempo em que a insegurança pública era de responsabilidade de governo do PT, a conta era a ele dirigida.
Hoje, estranhamente, a conta é endereçada ao Estatuto do Desarmamento, como se infere da missiva sob o mesmo título, na seção Leitor da ZH de 02/02/2016.
Nesse contexto, parece acaciano que a responsabilidade pela segurança pública não compete aos cidadãos, quer sejam de bem, quer sejam do mal. Afora isso, é anarquia, é desgoverno. Como estamos a viver hoje no Rio Grande do Sul, como nunca antes. Também não é ocioso referir que as armas nas mãos dos cidadãos que não são propriamente os de bem são “adquiridas”, muitas vezes, através de ações heterodoxas, que extrapolam o circuito comercial, popularmente conhecidas como “perdeu, playboy, perdeu”.
Entrementes, no país das liberdades individuais – como se o direito de matar a rodo fosse a afirmação de direito subjetivo, como querem os cidadãos de bem – , já não sem tempo, o presidente Barack Obama busca mitigar a permissividade extremada na comercialização de armas de fogo, objetivando barrar o dramático incremento por elas proporcionado nas estatísticas de mortes em massa e massacres.
Portanto, que se institua e se cobre a CPAUECB dos abusados. É a minha humilde proposta, enquanto aguardamos ação de quem para tanto foi eleito.
Servidor público do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região*
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