Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 28 de janeiro de 2012
29 de janeiro de 2012 | N° 16962
VERISSIMO
O homem que voa
Geraldo e Marina estão casados há 15 anos. Uma noite os dois sentados no sofá da sala assistindo à novela Geraldo diz:
– Marina, preciso te contar uma coisa.
– O quê, Geraldo? – Eu voo.
– Você o quê, Geraldo?
– Eu posso voar. – Que loucura é essa, Geraldo?
– É verdade. Descobri quando eu tinha uns 11 anos. Se eu quiser, posso sair voando agora mesmo.
– Geraldo, para de dizer bobagens e deixa eu assistir à novela.
– Você não acredita? Então olhe só.
E Geraldo decola do sofá, dá algumas voltas por dentro da sala, sai pela janela aberta, circunda o prédio da frente, volta e senta de novo no sofá.
Marina desmaia.
Já restabelecida, Marina pergunta:
– Por que você nunca me disse nada? Por que esperou até agora para me dizer?
– Eu queria ter certeza que o nosso casamento era sólido. Que você não se apavoraria com a revelação, que acabaria se acostumando com ela. Achei que depois de 15 anos não havia mais perigo de você sair correndo.
– Mas você nunca falou pra ninguém que pode voar? Nunca contou?
– Não. Na escola, eu já era meio esquisito. Se descobrissem que eu também voava, não iriam largar do meu pé. Meus pais também se assustariam. Você é a primeira pessoa a saber.
– Mas Geraldo... Todos precisam saber que você voa. Você é um fenômeno da Natureza! Um caso único. Tem que ser examinado pela Ciência...
– Deus me livre.
– Nós podemos ganhar dinheiro com isso. Você virará uma celebridade internacional. Se apresentará em shows. Já posso até ver você chegando no palco pelo ar e...
– Tá doida. A coisa que eu menos quero no mundo é atrair atenção.
– Quando é que você voa? – pergunta Marina.
– Às vezes, de noite, quando você está dormindo, eu saio pela janela e sobrevoo a cidade. Com a lua cheia, é bonito.
Marina (sentida):
– E você nunca pensou em me levar junto para passear ao luar, como o Super-Homem fazia com a mocinha no filme... Geraldo! E se você for o novo Super-Homem?! Um Super-Homem de verdade? Você pode ser o herói que o mundo está esperando.
– Eu, Super-Homem, com esta cara, com este físico, com esta gastrite crônica? Não, obrigado. Prefiro continuar como técnico contábil, com a minha vidinha de sempre.
– Mas Geraldo...– E você tem que jurar que não vai contar pra ninguém, Marina. Jura.
– Está bem, Geraldo. Eu juro.
E os dois continuam com a vidinha de sempre. De vez em quando, ela faz um pedido, como:
– Bem, uma lâmpada do lustre queimou. Você pode trocar pra mim?
E o Geraldo voa até o teto, muda a lâmpada do lustre e volta para o sofá. E os dois continuam vendo a novela.
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