sábado, 21 de janeiro de 2012



21 de janeiro de 2012 | N° 16954
ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES


Contos Tradicionais - 1ª Parte

O homem e a mulher vem contando para os filhos e netos, desde os tempo imemoriais, contos bonitos, com fadas e princesas, príncipes e heróis. Contos às vezes com aspectos tenebrosos, mas sempre com um final feliz.

As crianças que ouvem esses contos, e que muitas vezes adormecem antes do fim, crescem, tornando-se pais e mães, avôs e avós e quando acontece cuidarem de um filho ou de um neto com sono rebelde, lembram-se dos contos que seus maiores contaram. E fecha-se a cadeia, com o conto passando de geração a geração e espalhando-se de país em país.

Quando o poeta francês Charles Perrault (1628 –1703) lançou a sua coletânea de contos tradicionais, a Europa Central vinha repetindo essas histórias geração após geração. Perrault, ambicioso literato, não era brilhante, nem inteligente. Teve o ouro nas mãos e não o valorizou.

Só não lhe escorregou pelo meio dos dedos porque teve o bom senso de publicar o conjunto de contos que recolheu, embora vergonhosamente assinasse o livrinho com o nome de seu filho de 11 anos. O sucesso dos contos foi imediato, mas dos versos de Perrault, que ele tanto valorizava, nunca mais se ouviu falar. Seu nome é conhecido unicamente pelos contos.

Aparecem na coleção de Perrault contos como Chapeuzinho Vermelho, Pequeno Polegar, Bela Adormecida, Barba Azul (todos integrantes, com variantes próprias, do folclore gaúcho) e outrao, que não se integraram no nosso folclore, por uma razão ou por outra. Alguns dos contos de Perrault tiveram variantes em coleções anteriores, quase desconhecidas, mas é fora de dúvida que foi o trabalho do medíocre poeta francês e excelente folclorista “avant la lettre” que lançou tais contos à celebridade.

Sim. Não são contos de Charles Perrault, mas contos tradicionais, conhecidos em toda a Europa Central, recolhidos das avozinhas rurais e que, quando muito, receberam do coletor um tratamento “literário”, expungidos os modismos e deformações regionais ricas da rica língua francesa no século 17. Perrault preservou assim um acervo espiritual que era do povo e devolveu-o ao povo, seu legitimo dono.

Ao seu povo, primeiramente. Logo, ao povo da Europa Central e depois ao mundo, acabando por chegar alguns desses contos quase intactos aos galpões gaúchos do Rio Grande do Sul.

Impressiona sobremaneira como o arcabouço desses contos se mantém integro e resiste ao tempo, à geografia e aos diferentes idiomas.

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