terça-feira, 17 de janeiro de 2012



17 de janeiro de 2012 | N° 16950
PAULO SANT’ANA


Uma grande enrascada

Interessante, às vezes fico pensando que minha vida foge do meu controle, que não sou eu que a estou conduzindo.

Parece que uma força superior, seja Deus, seja o destino, seja lá que energia superior está cuidando da minha sobrevivência.

Não sei se isso acontece com meus leitores. Comigo ocorre isso principalmente quando me vejo impotente para solucionar certos problemas. No meu caso atual, um problema de saúde.

Uma frase comum que nos ocorre nessas ocasiões é: “Seja lá o que Deus quiser”.

Evidentemente que estou me referindo não à comodidade de entregar tudo para Deus, enquanto nos posicionamos apenas em situação contemplativa.

Estou me referindo àquele momento em que cessam todos os recursos que pudessem nos proteger, não temos mais o que fazer, então o que é que nos ergue? Imaginamos que seja uma força estranha no ar, algo acima da nossa vontade e do nosso desígnio.

E desconfio que isso acontece com todo mundo. Desconfio que as pessoas confiam em sua estrela, que de longe alguém as monitora.

O tempo é o senhor da razão. Confiamos que com o passar do tempo virá a solução para o nosso problema.

Mas demora para vir e aí a gente corre o risco de ficar tomado pelo desespero

Nesse momento, me vem à lembrança a célebre frase de Jesus Cristo pregado ao lenho, quando sentiu que sua vida estava perdida: “Pai, por que me abandonaste?”. A isso se chama desespero.

Não desejo o desespero para ninguém. A vida só é movida pela esperança. O desespero é exatamente a mais completa ausência de esperança.

“Só a leve esperança em toda a vida/ suporta a pena de viver, mais nada”, escreveu o poeta.

Diante do desespero, há só duas condutas conhecidas na vida humana: 1) o homem se entrega à sua própria sorte, impotente, sem mais nada poder fazer para safar-se; 2) o homem se suicida.

Eu estou exatamente na posição nº 1, de quem se entrega, de quem só fica a aguardar os acontecimentos que não pode evitar, sejam eles terríveis ou auspiciosos.

Só para ser mais claro com meus leitores, o problema terrível que enfrento atualmente é uma tontura totalmente incapacitante.

Ela acaba, há 25 dias, de me tirar o equilíbrio. Ando caminhando como um ébrio, sem ter tomado sequer uma gota de álcool.

E minha cabeça fica envolta naquela nuvem de lassidão, de vaguidão atordoante.

Não fiquei parado diante dessa ameaça formidável. Recorri e continuo recorrendo aos médicos, mas sinto neles uma falta de solução para os meus problemas. Daí o meu desespero.

Tenho tido o auxílio de uma bengala. Acho que sem ela não poderia desenvolver minha locomoção.

Ah, insensato destino que me coloca esta imensa pedra até agora irremovível no meu caminho.

Preciso urgentemente sair desta estupenda enrascada.

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