quinta-feira, 19 de janeiro de 2012



9 de janeiro de 2012 | N° 16952
LETICIA WIERZCHOWSKI


Programa de sábado

Tabajara Ruas é, sem dúvida nenhuma, um dos maiores ficcionistas em atividade no nosso país. A sua prosa, vigorosa e ardente, não deixa nenhum leitor acomodado no sofá. Quem leu O Amor de Pedro por João, Os Varões Assinalados ou Perseguição e Cerco a Juvêncio Gutierrez sabe muito bem sobre o que eu estou falando: um grande livro traz consigo inquietude e deslumbramento, deixa-nos faminto pela próxima página, faz com que o leitor leve para a cama os seus personagens, e sonhe com eles, sonhe com eles entre as cobertas, a cabeça no travesseiro; e sonhe com eles de olhos abertos no dia seguinte, afundado numa poltrona, no banco do ônibus, na sala de embarque do aeroporto lotado, na cadeira de praia à beira-mar.

E se, às vezes, sinto com tristeza que a literatura moderna sofre de uma certa “anemia”, de uma fraqueza narrativa, de um vazio de grandes personagens, então eu penso num dos livros do Tabajara, rememoro alguma das suas frases certeiras, passeio pela agudeza da sua narrativa, e me alegro, e sossego a minha angústia, porque sim, ainda existem – e o Taba é um exemplo disso – autores que não têm medo do personagem, que jogam com ele, e dançam sua dança com a mesma majestade que o Al Pacino dançou

Por una Cabeza naquela cena memorável de Perfume de Mulher. Porque o Tabajara é uma espécie de Al Pacino da literatura.

Mas o Tabajara Ruas anda um pouco sumido dos livros. Faz uns dois anos, publicou O Detetive Sentimental. Tabajara também é cineasta, e me atrevo a dizer que a única coisa mais trabalhosa do que fazer um livro é fazer um filme.

Então, com que alegria recebi a notícia de que o Tabajara Ruas começou a publicar um folhetim neste mesmo jornal que me acolhe quinzenalmente. Você Sabe de Onde Eu Venho, o novo folhetim do Tabajara Ruas, vai sair na Zero Hora todos os sábados. É uma história sobre a Segunda Guerra Mundial. Sobre o Brasil na Segunda Guerra Mundial. O primeiro capítulo já disse ao que veio... Recomendo aos meus parcos leitores que não percam essa joia.

Que leiam, todos os sábados, o folhetim do Taba. Para o leitor desavisado, preciso lembrar que o último folhetim que ele escreveu foi Os Varões Assinalados. E não preciso dizer mais nada, hein? Salve, Tabajara Ruas!

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