domingo, 29 de janeiro de 2012


Carlos Heitor Cony

Um mundo que acabou

RIO DE JANEIRO - Alguns leitores reclamam que eu confesse nada saber de nada, e, apesar disso, dar palpite sobre vários assuntos. Pensam que se trata de um charme hipócrita e inútil, dou de barato que todos têm razão. Mesmo assim, enquanto a lei, a ordem e a polícia não me proibirem, continuarei na minha.

Não sei se alguém está entendendo o que se passa com a economia mundial. O que vejo e ouço todos os dias é que tudo está na pior, países sólidos, referência para os demais, atravessam crises dramáticas, as perspectivas de crescimento diminuem e aumentam os números de miseráveis e desempregados.

Pelo que deduzo, após a Segunda Guerra Mundial, quando todos esperávamos a reentrada da humanidade no paraíso do qual fora expulsa por causa de uma maçã, houve a tal reunião de Bretton Woods, que deu as linhas básicas para a economia de uma era de paz e prosperidade.

O que havia de melhor foi adotado pelos cérebros mais geniais da época. Houve a criação da ONU, que substituiria a fracassada Liga das Nações, e logo depois vieram o Banco Mundial, o FMI e outras instituições para garantir a operacionalidade da economia mundial.

Em 1944, Bretton Woods levou em conta um mundo que não existe mais. Novos países apareceram nos mapas, outros sumiram, as prioridades mudaram, os recursos também. A tecnologia fez avanços consideráveis, se o general Patton tivesse um iPhone igual ao de qualquer bancário ou estafeta de Brás de Pina, ele teria tomado Berlim, o que impediria a União Soviética de dividir o mundo durante a Guerra Fria

As maravilhas daquela conferência estão ultrapassadas. É necessário que alguém -que não seja eu- repense a economia mundial em face das novas realidades que a política e a tecnologia criaram.

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