quarta-feira, 25 de janeiro de 2012



25 de janeiro de 2012 | N° 16958
EDITORIAIS


DESAFIO URGENTE

Relatório divulgado esta semana pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que o mundo tem hoje 27 milhões de trabalhadores desempregados a mais do que em 2007, quando começou a crise econômica global.

A entidade chama a atenção para o “desafio urgente” de gerar 600 milhões de empregos ao longo da próxima década, para que as nações possam manter níveis de crescimento sustentável e coesão social. De acordo com o documento intitulado Tendências Mundiais de Emprego 2012, o desemprego já afeta 200 milhões de pessoas em nível mundial.

E a tendência é de agravamento da situação, devido à perspectiva de maior deterioração da atividade econômica nos próximos anos.

A OIT alerta que um em cada três trabalhadores em todo o mundo está desempregado ou vive na pobreza, pelo que a criação de postos de trabalho tem que ser encarada como prioridade inadiável. Diante da constatação de que 40 milhões de pessoas entrarão no mercado de trabalho a cada ano, a urgência se acentua.

Nesse cenário, ganha mais importância ainda a política de pleno emprego vigente no Brasil, que precisa ser intensificada com a retomada do Programa de Aceleração do Crescimento, que foi poupado dos cortes orçamentários.

De acordo com dados divulgados ontem pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, foram criados no país, no ano passado, 1,94 milhão de empregos. É um número significativo, mas inferior ao de 2010, quando o país registrou a criação de 2,52 milhões de empregos com carteira assinada.

Mas o PAC, sozinho, não garante a manutenção dos níveis de emprego alcançados nos últimos dois anos. Tanto que, na primeira reunião ministerial do ano, a presidente Dilma Rousseff anunciou que o governo vai preservar investimentos e programas sociais dos cortes orçamentários previstos para fevereiro, para que o país cresça pelo menos 4% (contrariando o Fundo Monetário Internacional, que ontem previu para o Brasil um máximo de 3%).

Também informou que os bancos públicos emprestarão mais e com juros menores, que serão adotadas medidas protecionistas e cambiais em favor da indústria e, principalmente, que o país continuará apostando no mercado interno.

O desafio urgente que a OIT lançou para o mundo também vale para o Brasil, que passou ao largo da fase mais aguda da crise, mas vem obtendo crescimento inferior às suas próprias necessidades de desenvolvimento.

Porém, é importante lembrar que crescimento econômico não depende apenas do governo. O desafio de criar empregos passa também pelas lideranças empresariais, pelos sindicatos, pelos educadores e se estende a toda a sociedade.

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