segunda-feira, 23 de janeiro de 2012



23 de janeiro de 2012 | N° 16956
KLEDIR RAMIL


Dinheiro não traz felicidade

O zagueiro Bruno, do Bayern de Munique, entrou em depressão, tocou fogo em sua própria casa e está preso na Alemanha. O que passa pela cabeça de um garoto de 21 anos, milionário e idolatrado pela torcida, para fazer uma coisa dessas? A única declaração que deu foi: “No Brasil, eu tinha menos dinheiro e menos luxo, mas era feliz”.

Casos parecidos se repetem no mundo do futebol e do show business, em que jovens sem preparo emocional e psicológico saem de comunidades carentes e viram celebridades. Quando “chegam lá” descobrem a sabedoria embutida no velho ditado: “Dinheiro não traz felicidade”. Aí é tarde. Mas quem de nós tem preparo emocional e psicológico para fazer sucesso, ganhar rios de dinheiro e, por exemplo, pegar a filha do Berlusconi? Não é fácil. Parece, mas não é.

O atacante Adriano, Imperador na Itália e no ataque da Seleção Brasileira, pirou na Europa. Largou tudo e sumiu. Foi encontrado com os amigos nos botecos da Chatuba, favela onde foi criado no Rio de Janeiro. E nunca mais voltou a jogar direito. É uma pena. A Seleção Brasileira perdeu seu centroavante.

Há pouco tempo cruzei com ele em um hotel de São Paulo. Conversamos um pouco e me pareceu um cara doce, suave. Isso mesmo. Um cara educado, de fala mansa, sorriso nos lábios. Muito diferente do tanque demolidor que eu conhecia da TV, atropelando as defesas adversárias, ou das imagens do noticiário policial, envolvido com armas, periguetes e traficantes. Lamento que tenhamos perdido um atacante, espero que ele consiga ser feliz lá com as coisas dele.

Também na Fórmula 1 a história de repete. Lewis Hamilton é um piloto fora de série, vem sendo preparado desde criança para ser um vencedor nas pistas. Aos 22 anos, chegou a campeão da mais importante categoria do automobilismo mundial e entrou em parafuso.

Acumulou fortuna, sucesso, uma namorada linda e brigou com todo mundo, até com seu pai. E começou a ser visto pelos circuitos batendo no carro dos outros, meio sem direção. Ao final da temporada de 2011, parece que começou a se reencontrar. Tomara que sim.

Torço muito por essa gurizada talentosa. Quero ver todos bem, felizes, milionários e com belas namoradas. Quero que aproveitem tudo o que têm direito, mas rezo todos os dias para que nossos novos craques do futebol, entre eles Neymar, Damião, Pato, Ganso, Lucas e Oscar, não esqueçam do mais fundamental: jogar bola.

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