sábado, 21 de janeiro de 2012



21 de janeiro de 2012 | N° 16954
NILSON SOUZA


Aplausos para a honestidade

Compartilhei nos últimos dias com meu círculo de amigos um desses vídeos de internet que merecem ser rotulados de imperdíveis. Trata-se de uma propaganda da Coca-Cola, feita na véspera do clássico do futebol português Benfica x Sporting – um jogo que despertava grande interesse do público.

Pois exatamente no Estádio da Luz, onde estavam sendo vendidos os ingressos, os autores da ideia do comercial deixaram uma carteira no chão, com a identidade de um sócio do Sporting e um bilhete para a concorrida decisão.

O objetivo era testar a reação das pessoas que encontrassem a carteira do rival – e que estavam sendo filmadas por câmeras ocultas. Pois 95% dos torcedores que depararam com o achado dirigiram-se ao balcão de recepção para entregar não só a carteira, mas também o ingresso.

Todos os que devolveram foram saudados por funcionários da empresa patrocinadora e premiados com uma entrada para o jogo. O desfecho é emocionante: quando o filme da pegadinha passa no telão do estádio, 60 mil pessoas aplaudem de pé (http://www.youtube.com/watch?v=xxFbpmDMD0E).

Os aplausos para a honestidade, que também são um reconhecimento à inteligência de quem bolou o comercial, suscitam imediata comparação com a nossa realidade. Muitas das pessoas que viram o vídeo fizeram o mesmo comentário:

– Se fosse aqui, dava o contrário. Apenas uns 5% devolveriam.

Fiquei pensando nestas observações. Será que somos mesmo um povo com pouco apreço por este valor tão caro ou andamos com a nossa autoestima abalada? A verdade é que os relatos de falcatruas costumam ganhar mais destaque do que histórias de integridade, até mesmo porque pessoas honestas não andam alardeando suas virtudes. Apesar dos comentários negativos, todos os conhecidos gostaram do vídeo.

– É de arrepiar! – ouvi de um.

Ora, se a honestidade nos encanta, então temos, sim, vocação para o exercício deste princípio ético que está na base da civilização. Se passarmos da teoria à prática, não são poucos os brasileiros que devolvem troco errado, respeitam sinalização de trânsito e vagas de deficientes, jamais levam para casa alguma coisa que não lhes pertence.

Não tenho percentuais, mas conheço muita gente que faz a coisa certa mesmo quando ninguém está observando. Este registro é a minha maneira de bater palmas para eles.

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