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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
27 de janeiro de 2012 | N° 16960
PAULO SANT’ANA
Os desabamentos
Interessante esse desabamento e soterramento de três edifícios em pleno centro do Rio de Janeiro, anteontem.
Sempre passa pela cabeça de quem mora em um prédio alto que um dia aquele edifício poderá desabar. Mas isso passa assim pela cabeça sem muito sentido, nós vivemos trabalhando ou morando em prédios altos, às vezes visitando, e nunca caiu nenhum deles.
Mas passa remotamente pela cabeça.
Aconteceu no Rio de Janeiro anteontem, no entanto, o seguinte: os dois prédios maiores que ruíram tinham 18 andares, um deles, 11 andares o outro.
E, no meio dos dois, um pequeno edifício de apenas quatro andares.
Desabou exatamente o maior edifício, o de 18 andares.
E o azar foi o dos dois prédios menores, o de 11 andares e o de quatro andares: o edifício grande desabou e caiu sobre os dois edifícios menores.
Ou seja – vejam como é a vida –, os dois prédios menores tinham firme estrutura, não desabaram: eles foram soterrados pelo prédio maior.
Mas não é azar de quem trabalhava nos prédios menores?
Muito maior azar do que o azar dos que trabalhavam no prédio maior. Afinal, foi ele que desabou, os outros ruíram no arrastão.
Eu fico com uma dúvida, acontece que esses três prédios atingidos eram antigos.
A dúvida é a seguinte: as prefeituras, principalmente de cidades grandes e altas, fazem inspeções das estruturas dos edifícios? Como é que numa selva de pedra os engenheiros vão saber que o edifício tal está mal das pernas e corre o risco de desabamento?
Será que existe serviço municipal de verificação periódica do estado dos prédios? Sou ignorante em engenharia, mas tenho quase certeza de que não existe esse serviço, ele só funciona quando aparece uma denúncia de prédio que está tremendo.
E, não existindo fiscalização periódica e constante, em caso de desabamento a responsabilidade civil e financeira das indenizações aos proprietários e às vítimas não cabe às prefeituras?
Parece-me muito claro que cabe.
A única coisa em que eu estava em cima e desabou foi um coreto de Carnaval no Partenon, quando eu era criança.
O chão do coreto fugiu-me dos pés e eu e mais umas 40 pessoas caímos de uma altura de três metros.
Fraturei um pé. E levei um susto danado. Caíram por cima de mim duas pessoas. E os ferimentos de todos foram de menor monta, tivemos sorte.
Mas, como agora aconteceu lá no Rio de Janeiro, é terrível: penso até que as pessoas que estavam nesses edifícios cariocas nem sentiram a morte, levaram um baque e deixaram de existir.
É terrível.
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