Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
31 de janeiro de 2012 | N° 16964
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
A dama do elevador
Ohall de entrada do enorme prédio comercial estava repleto de pessoas impacientes com a lentidão dos elevadores. Quando um deles baixou finalmente ao térreo, lotou em segundos. Uma senhora elegante, espremida contra o painel de comando, autonomeou-se ascensorista e perguntou os andares dos passageiros a bordo Comandava segura a viagem quando uma voz se ouviu ao fundo, irada:
– Pó, tu não ouviu que eu ia descer no oitavo?
O reclamante era um galalau decorado de tatuagens e piercings. Um cavalheiro de porte ainda mais avantajado dirigiu-se a ele:
– Não viu que essa dama está nos prestando um favor? Da próxima vez, suba de escada.
O tom foi vigoroso o bastante para que o rapagão se recolhesse à sua pós-moderna insignificância.
Peguei no Centro uma lotação com destino à Rua Dona Laura. Mal transitáramos umas quadras, percebi que estava desapercebido. Por uma distração que acomete os escribas que têm a cabeça na lua, havia esquecido a carteira em casa. Levantei da poltrona, fui ao motorista e confessei-lhe minha absoluta prontidão. Ele sorriu e comunicou-me:
– O senhor é meu convidado neste voo.
Mal havia arrancado o carro, percebi que um dos pneus se achava tão vazio como a cabeça de algumas celebridades. Na véspera, eu participara de um jogo de vôlei, do qual desertei aos cinco minutos, lesionado. Não divisei nas redondezas sombra de um posto de gasolina ou de uma borracharia. Assim que avistou as bandagens que eu ostentava na mão direita, aproximou-se um vendedor ambulante.
– Não há de ser nada, doutor – declarou.
E com a presteza de um mecânico de pit stop trocou o artefato avariado e recusou a nota de 10 que lhe estendi.
Comprei-lhe, em retribuição, um pente de plástico, coisa de centavos.
Por que conto estas historinhas triviais? Porque constatei que há reservas infinitas de solidariedade em uma cidade que muitos definem de desumana. Nesta mui leal e valorosa vivem legiões de pessoas generosas, fraternais, prestativas.
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