terça-feira, 31 de janeiro de 2012



31 de janeiro de 2012 | N° 16964
DAVID COIMBRA


Respeite os sinais

Quando uma mulher mia “eu sou muito complicada”, você já sabe o que deve fazer. Saia correndo. Porque ela está dizendo a verdade. E uma mulher complicada só traz isso: complicação. Logo, se você preza uma vida tranquila e sem preocupações, afaste-se desta louca o quanto antes.

Mesmo que ela tenha os tais olhos de ressaca da Capitu, seja lá o que isso for, mesmo que tenha os lábios de bala de goma da Angelina, mesmo que seja sustentada pelas pernas infinitas da Ana Hickmann, mesmo que lhe revista a pele de maciez arrepiante da Megan Fox, mesmo assim, fuja. A não ser que você aceite pagar a excitação com incomodação.

Tenha em mente que certos sinais são eliminatórios. Quando aparecem, são apenas sinais, mas, se você tem experiência, e se com a experiência adquiriu sabedoria, não perca tempo. Haja. Não permita que a situação se agrave, se torne mais complexa e, por isso, mais dolorosa no final. Antecipe o final e diminua a dor.

Sinais.

O Gre-Nal sempre é um sinal. Sou francamente a favor do banimento do jogador ou do técnico que fracassa em Gre-Nal. Refiro-me ao fracasso rotundo, causador de derrota. Esse jogador, no mínimo, tem de passar por um período sabático.

Pode voltar mais tarde, depois de ter se livrado do opróbrio. Tipo o Benítez. Em um Gre-Nal do fim de 77, no Beira-Rio, o Inter entrou em campo todo de vermelho, vistoso e chamejante, e levou 4 a 0 do Grêmio. Benítez era o goleiro, e falhou. A direção ficou de orelhas em pé. Pouco depois, mandou-o para o Palmeiras, por empréstimo. Ele foi, voltou e, em 79, foi campeão do Brasil. O sinal do Gre-Nal foi respeitado. Sinais têm de ser respeitados.

Duralexis

Digamos que D’Alessandro ganhe, com o novo salário, R$ 800 mil por mês. São quase R$ 10 milhões por ano. Ocorre que, se o Inter fosse contratar outro meia, gastaria os mesmos R$ 10 milhões. Logo, o Inter repassou a D’Alessandro o que repassaria a outro clube, ou a um empresário. O dinheiro seria gasto de qualquer forma.

Não foi um mau negócio do ponto de vista financeiro, portanto. Mas essa bolha de fausto e fartura do futebol vai estourar. Não há como não estourar. Aí, só os previdentes sobreviverão.

O tempo urge

Quando Julinho Camargo foi contratado pelo Grêmio, em meio às trepidações de 2011, ele ponderou:

– Tenho tempo, tenho um mês para montar um time.

Na época, lamentei por Julinho e disse que ele estava enganado: tempo não havia. Não houve, como se viu.

Agora, Caio Jr. teceu uma reflexão a respeito do próprio trabalho: avaliou que o time está fazendo progressos e avisou que é assim mesmo, que construirá a equipe gradualmente, mesmo com fracassos.

Caio Jr. está equivocado. Seu tempo está se esvaindo com uma rapidez que ele talvez não tenha percebido. Bem diante dos óculos redondos de Caio Jr. existe inclusive um marco, uma data definida para que seu trabalho frutifique ou não: o próximo domingo.

Se Caio Jr. não se der bem no Gre-Nal, se não conseguir pelo menos empatar o clássico, sua história no Grêmio será breve. Ele poderá até continuar trabalhando no clube por algum tempo, mas estará desacreditado, com a torcida e os dirigentes olhando-o com o nariz torcido, todos na espera de novo fracasso para, aí sim, derrubá-lo.

Menos de uma semana. Esse é o tempo que tem Caio Jr..

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