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terça-feira, 27 de dezembro de 2011
27 de dezembro de 2011 | N° 16929
PAULO SANT’ANA
De novo, a felicidade
Mais uma vez, emprego o pensamento do leitor, só que agora não mais o transcrevendo ipsis litteris, mas interpretando o texto enviado.
O leitor Júlio Freitas (jrfreitas59@gmail.com) manda me dizer que é a favor das minhas chefias, que, segundo eu próprio esclareci, não gostam que eu transcreva cartas de leitores. Ele declara que também não gosta.
Ele diz que aprecia, nas minhas colunas, os meus textos, as minhas dicas, as minhas histórias. Quem quiser pedir alguma coisa ou relatar alguma esperança, diz ele, deve mandar sua mensagem para o Diário Gaúcho, coluna do Zambiasi.
Esse leitor diz também que gosta muito quando escrevo sobre futebol (tem muita gente que não gosta), adora quando conto histórias sobre minha infância no Partenon, também aprecia quando escrevo sobre meu tempo de delegado e sobre as memórias de meus amigos e de pessoas que eram ou são conhecidas.
Lembra com delícia daquela coluna em que esqueci a bolsa no elevador e daquela outra em que o garçom me serviu na barbearia.
E finaliza dizendo que estes são os tipos de colunas adoráveis. Ao contrário de cartas de leitores que eu reproduza.
Está bem. Mas agora eu tenho uma pergunta: será que as centenas de milhares de leitores gostarão dessa forma que usei agora, de traduzir o pensamento desse leitor?
Aí é que está a coisa...
Já o leitor Paulo Carneiro (carneiropaulo1@hotmail.com), seguindo o ritmo dos que analisam minha coluna em face da restrição que meus chefes fizeram a que eu publique cartas de leitores, lembra que, certa vez, há 20 anos, quando era gerente de uma das Lojas Colombo, usou de uma coluna minha, sobre o tema felicidade, para motivar seus funcionários, pois era grande a rotatividade de pessoal na empresa.
Ele diz que encaixou o assunto da minha coluna assim, no discurso que fez para seus comandados: é que a gente sempre transfere a nossa felicidade para outro lugar, outra hora, outra empresa, outro casamento...
Acrescenta que sua pregação com seus funcionários obteve sucesso e que desde então segue o meu jeito de escrever. Pombas, há 20 anos, meu querido irmão, 20 anos me acompanhando, metade da minha carreira, estimado amigo!
Sobre essa transferência da felicidade a que se refere o leitor, embora faça muitos anos, lembro agora da coluna que ele recordou, em que citei um soneto de Vicente de Carvalho que dizia assim:
Esta felicidade que supomos,
Árvore adorada que sonhamos
Toda arriada de mimosos pomos,
Existe sim, mas nós não a encontramos,
Pois está sempre apenas onde a pomos
Mas é que nunca a pomos onde estamos.
Aconselho àqueles leitores que gostam de gravar o que se escreve que anotem este sexteto de versos poéticos que reproduzi acima: é um dos mais altos momentos da literatura da língua portuguesa, são fantásticos.
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