terça-feira, 20 de dezembro de 2011



20 de dezembro de 2011 | N° 16923
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA


Um passo à frente

De vez em quando surge uma ideia luminosa no campo da educação. É o que acontece agora, com o projeto que planeja enviar 100 mil estudantes brasileiros para estudar em centros de excelência no Exterior.

O programa do governo federal pretende enviar, em escala nunca vista, turmas de alunos de boletim impecável e pendor para as ciências. Os estudantes, de graduação ao pós-doutorado, segundo leio na excelente reportagem de Renata Betti na Veja, estudarão com as maiores cabeças pensantes de centros de excelência acadêmica lá fora.

Algo similar já se tentou no país na década de 1930. Quando foi fundada a Universidade de São Paulo, importaram-se cérebros da Europa para lecionar entre nós.

Agora ocorre o oposto. Somos nós que enviamos alunos para se qualificarem nos melhores centros de pesquisa do universo.

Não foi diverso o que sucedeu em nações como a China, a Índia e a Coreia do Sul, que aprenderam que não havia outro caminho para se equiparar com as economias de ponta do que aprender com elas. Por isso, incentivam os seus mais promissores alunos a se aperfeiçoar no Exterior e oferecem atrativos para que regressem.

Conta Renata Betti que o programa brasileiro vai na mesma linha, projetando garantir aos retornados boas condições de pesquisa e remuneração acima da média.

Temos muito que andar. O Brasil conta com apenas um pesquisador para cada mil pessoas ativas, um sétimo da média dos países mais industrializados.

Essa desproporção ajuda a entender o abismo que nos divorcia das economias mais prósperas.

Resta esperar duas coisas: que as pesquisas produzidas atendam às verdadeiras demandas do desenvolvimento nacional e que as bolsas não se limitem ao território das ciências exatas, mas abranjam igualmente o riquíssimo domínio das ciências humanas.

Nenhum comentário: