quarta-feira, 21 de dezembro de 2011



21 de dezembro de 2011 | N° 16924
PAULO SANT’ANA


Dois anos depois

Vou ter de fazer uma coisa que não tenho feito ultimamente: dar voz aos leitores que me escrevem.

É que, sempre que publiquei cartas de leitores, os meus chefes me acusaram de preguiçoso. Acusaram-me de, para não trabalhar, apenas transcrever o que mandavam me dizer os leitores.

Assim é que já vão para dois anos de eu não publicar cartas de leitores. Espero que meus chefes tenham assim saciado a sua ânsia punitiva.

Só têm uma desculpa meus chefes por sua indelicadeza: eles argumentavam que eles e os leitores compram jornal para ler o que eu escrevo e que assim se frustravam por não poder me ler, e sim ler os meus leitores.

Estou fazendo diferente hoje: não vou transcrever o que me mandaram dizer os leitores. Vou traduzir em palavras minhas o que me mandaram dizer. Desta maneira, deixo de ser suspeito de vagabundagem, isto é, mesmo veiculando as mensagens dos meus leitores, dou-me o trabalho de interpretá-los, como acontecerá a seguir.

O leitor Ivo Alfredo Kathy (IvoKath.ez@terra.com.br) me comunica que está cansativo eu só falar em “chatos”. Pergunta se está me faltando criatividade ao só falar nesse assunto dos chatos.

Respondo cordialmente ao meu ilustre leitor que não deve ter reparado que minhas colunas historicamente sempre refletiram o que mais martela minha cabeça na hora em que me preparo para escrever. Usando dessa tática, sempre tive estrondoso sucesso. Mas, em homenagem a esse meu leitor, que deve entender de jornalismo muito mais que eu, nunca mais vou falar em “chatos”: o leitor é meu senhor e acima de tudo eu tenho de respeitar o leitor.

Já a leitora Rachel Hore (rohrlle@hotmail.com) diz que sábado passado foi ao Hospital de Pronto Socorro para doar sangue. Para sua surpresa, quando chegou lá, o ônibus que coleta sangue estava indo embora, tendo encerrado a coleta. Acontece que eram apenas 15h, quando o horário fixado para a coleta se encerrava às 16h.

Ela perguntou ao motorista do ônibus o motivo de estar indo embora. E ele respondeu que “não tinha médico para colher o sangue”. Termina a leitora afirmando que, na verdade, não faltam doadores de sangue como se propala. O que falta, diz ela, são coletores.

E isto, minha senhora, que o Conselho Regional de Medicina vive afirmando no rádio que sobram médicos, que têm de fechar as faculdades de Medicina. Se o Cremers afirma que sobram médicos e a leitora afirma que sobram doadores de sangue, como pode não ter médico no horário marcado para colher sangue? Não acredito, pelo que tenho notado pessoalmente quando visito o HPS, tal a competência e lisura com que procedem os diretores, os médicos e os funcionários, que o HPS tenha algo a ver com essa falha deplorável.

A leitora que se assina apenas Nara (narateixeiras@terra.com.br) diz que está precisando de um mosquito da dengue para mostrar à Vigilância Sanitária, pois só assim ela mandará um fumacê para o Jardim do Salso, que está infestado de mosquitos de todos os tamanhos e por todos os lados.

Ela afirma que já está sufocada de tantos inseticidas e os “desgraçados” dos mosquitos não morrem. Não sabe se é pela proximidade do Jardim Botânico ou da imundícia do Arroio Dilúvio. Agradece se esta coluna fizer uma campanha contra os mosquitos.

Parece mentira que em pleno século 21 Porto Alegre ainda tenha praga de mosquitos. É muita incompetência.

Mas aconselho aos moradores do Jardim do Salso que fiquem nus ao dormir e passem sabonete em todo o corpo. Os mosquitos aterrissarão em sua pele, ficarão grudados no sabonete e no dia seguinte é só tomar um banho e livrar-se assim dos (cadáveres!) dos insetos.

Interessante a tese do companheiro Moisés Mendes sobre o jogo de domingo passado: “O único time do mundo que seria capaz de vencer o Barcelona seria o Grêmio aquele da Batalha dos Aflitos. Explico: para ganhar deste Barcelona, só um time milagroso, isto é, aquele Grêmio prodigioso daquele dia abençoado lá em Recife, sem dúvida o dia mais feliz para os gremistas, acima daquele dia em que o Grêmio foi campeão mundial”.

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