terça-feira, 20 de dezembro de 2011



20 de dezembro de 2011 | N° 16923
LUÍS AUGUSTO FISCHER


Para a História

Não sendo este um espaço para falar de futebol, ele não pode deixar passar à toa os fatos maiúsculos do mundo da bola. Tal é o caso da vitória do Barcelona contra o Santos, anteontem, pelo Mundial de Clubes da Fifa.

Vi e ouvi o jogo, li comentários na imprensa local e nacional, e me parece que, embasbacados com a soberba atuação do time catalão, os comentaristas simplesmente deixaram de lado uma comparação que se impunha: com o Inter campeão sobre o mesmo Barcelona, cinco anos atrás.

Espíritos estritamente positivos, e até mesmo alguns com alguma dialética, refutaram a comparação, dizendo que este Barcelona é muito melhor que aquele, o de 2006. Afirmação correta. Mas ocorre que o Inter não dispunha de um Neymar, de um Ganso, talvez nem mesmo de um Borges, levando em contra o desempenho desses jogadores no ano que ora se encerra. Dito de outro modo: com muito menos estrelas que o Santos atual, o Inter venceu um Barcelona que já era ótimo.

Quer outra? Ronaldinho Gaúcho, jogador daquele Barça que o Inter bateu, tinha sido eleito o melhor do mundo pela Fifa em 2004 e 2005 e melhor da UEFA na temporada 2005-2006, portanto estava em seu auge, tanto como Messi agora. Uma pela outra, deve-se reconhecer que o Inter é que jogou certo.

E como jogou certo? Fico com um exemplo prático: a 26 do segundo tempo, Fernandão sente câimbras e pede pra sair. A cornetagem falou em amarelão, e estava a léguas do fato singular: o nosso capitão simplesmente cansou. Cansou de quê? De marcar!

Aí é que esteve a diferença essencial entre a final de 2006 e a de 2011: o time de Muricy Ramalho achou que podia entrar em campo e jogar uma partida de futebol, e não é de duvidar que o veneno fácil da soberba tenha levado o treinador turrão a imaginar o lance redentor saindo dos pés de seus dois craques.

Não foi assim com o Abel Braga. Façamos mais uma vez justiça: ele incendiou sua equipe para jogar a vida contra uma equipe muito melhor, uma seleção mundial, e botou seu time para marcar, de fato, sem deixar os craques respirarem (um acanhado Ceará deixou Ronaldinho sem ar).

O Inter, com seus modestos recursos e sua extrema organização, sofreu o diabo para conter aquele timaço; e, como em outros momentos sublimes de sua centenária história, precisou de um gol nascido de improváveis pernas, desta vez Adriano Gabiru, como antes havia ocorrido com Lambari, com Chico Spina, com Dunga.

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