segunda-feira, 19 de dezembro de 2011



19 de dezembro de 2011 | N° 16922
PAULO SANT’ANA


Gato contra rato

Otão badalado duelo entre Messi e Neymar revelou uma supremacia aterradora do argentino sobre o brasileiro.

O prestígio midiático de Neymar foi visivelmente abalado no confronto.

E Messi alcançou altura condoreira durante a partida, confirmou toda a sua fama e acrescentou ainda maior sucesso a sua carreira. Messi foi inesquecível na posse de bola, nos passes, simplesmente notável na conclusão da sua autoria nos dois gols, não resta dúvida nenhuma de que ele é o maior jogador do planeta.

Só resta uma dúvida na comparação entre Neymar e Messi: se se trocassem as posições e ontem Neymar tivesse jogado no Barcelona e Messi no Santos, como seria?

O jogo parecia ser disputado por um mero clube, o Santos, contra uma seleção, o Barcelona.

Foi jogo de gato contra rato. Chegou a ser humilhante para o Santos a goleada.

Antes do jogo, o Santos não era considerado zebra, mas com 10 minutos de partida, era tão amassante a posse de bola do Barcelona, que naquele instante já se considerava então o Santos como uma zebra.

Não quero de forma alguma desvalorizar o título mundial do Internacional em 2006. O que quero dizer é que é inquestionável que o Barcelona de então não chegava aos pés deste Barcelona de Messi.

O craque do Barcelona em 2006 era Ronaldinho Gaúcho, que teve atuação apagada naquele jogo. Messi não existia. E Messi hoje é um apanágio, um marco do futebol.

Talvez nem o Santos de Pelé tenha sido tão ofensivo quanto é este Barcelona de agora: sempre Daniel Alves foi ponta-direita, sempre Thiago Alcántara foi ponteiro- esquerdo. Inevitavelmente com dois ponteiros, permanentemente com dois ponteiros.

E o jogo de ontem destruiu por completo uma tese futebolística até então vitoriosa: a de que não existe time de futebol sem centroavante. Pois o Barcelona nos deixou patéticos: não tem centroavante, todos jogam no comando do ataque, qualquer um de todos de repente pode enveredar para o centro do ataque, aquele é um território livre e sem pedágio para quaisquer dos avantes: uma estupenda lição tática, uma aula de futebol.

Messi tem só 24 anos. Ainda pode permanecer no auge por mais sete anos, pode encostar em fama no Maradona, é simplesmente maravilhoso termos a certeza de que veremos cada vez mais grandes atuações de Messi: ele é um presente e uma mordomia para os olhares que amam o futebol.

Neymar tem só 19 anos. Quando tinha 19 anos, este é o único consolo brasileiro, Messi não jogava o que joga Neymar, exceção ao jogo de ontem.

Se o Barcelona não tivesse Iniesta, Xavi, Busquets, eu diria que seria espetacular se um dia Messi e Neymar pudessem atuar juntos.

Mas este atual time do Barcelona é tão espetacular que não necessitaria de Neymar.

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