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terça-feira, 2 de agosto de 2011
ELIANE CANTANHÊDE
Crise de confiança
BRASÍLIA - Aconteceu o que todos previam: no último minuto, os republicanos cederam e fez-se a luz. O Congresso norte-americano deu sobrevida ao império e evitou um calote que empurraria o mundo para a penumbra da incerteza.
O alívio, porém, não resolve a questão da confiança, apenas mantém a maior potência sob incógnita e esvazia mais e mais a esperança que não apenas os eleitores dos Estados Unidos, mas governos e cidadãos de todo o mundo depositaram em Barack Obama.
A certeza se transformou em dúvida: "Yes, can we?". O ponto de interrogação foi-se desenhando ao final da frase símbolo da campanha e da posse espetacular de Obama.
É justo lembrar sempre, a cada crise e a cada dia, que Obama herdou do antecessor, George W. Bush, o Iraque, o Afeganistão, Guantânamo, o descontrole interno e as dúvidas internacionais quanto ao fôlego norte-americano. Mas ele não soube lidar com os erros do governo anterior nem garantiu avanços.
Obama derrapou na equivocada reforma da saúde, que lhe tirou importantes pontos de popularidade e não levou a lugar nenhum. E não se aprumou ao ajustar as contas públicas e ao imprimir personalidade política a seu primeiro mandato.
Ele ganha a batalha do aumento do teto de endividamento, mas está longe de vencer a guerra. Sem um nome à altura no Partido Democrata e sem um adversário ameaçador no Republicano, Obama até caminha para a reeleição. Mas aos trancos e barrancos, sem perspectiva de chegar inteiro e exemplar para a história.
Grandes líderes se revelam não apenas em campanhas eleitorais magníficas, como foi a de Obama, mas principalmente no desempenho diante das adversidades, como não é o caso dele.
PS - Alguém pode explicar por que as malas demoram 40 minutos em Congonhas?
elianec@uol.com.br
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