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quarta-feira, 10 de agosto de 2011
10 de agosto de 2011 | N° 16788
JOSÉ PEDRO GOULART
Sandy e Amy
Voltei. O que, você nem percebeu que eu havia saído? Pois é, estive no resguardo, certo estão os ursos que hibernam. Por mim, o inverno podia ser cancelado. Enquanto estive fora daqui muita chuva rolou por debaixo da ponte; a Amy Winehouse morreu, a Sandy ressuscitou.
As personalidades quanto mais esquisitas ficam ainda mais atraentes. No caso da Amy, havia talento envolvido. Houve choro porque ela morreu jovem e houve resmungos porque ela não se cuidou; tomou todas, cavou a própria cova.
Ao mesmo tempo, a rapaziada colocou bebida na calçada da casa dela como tributo, uma ironia; mais ou menos como atirar anestésicos na calçada do Michael Jackson.
Cada país com sua devassa. No Brasil, temos a Sandy. Ela é da mesma profissão da Amy, e assim como Amy, fez propaganda de cerveja, mas ao contrário da inglesa, que engolia, Sandy cuspia – achava a bebida muito amarga. E ainda agora disse que é possível ter prazer anal, disse isso na Playboy, revista que como se sabe não traz músicas para tocar no violão, (acho que a Sandy não sabia disso).
Amy, cá estivesse entre os vivos, riria da polêmica dizendo: “Deve ser possível ter prazer anal, eu nunca soube porque prazer anal de bêbado não tem dono”. Mas Amy se foi. Ficaram o Júnior, a Sandy, o Chitãozinho e o único favorecido nisso tudo: o marido da Sandy. Todos boquiabertos com a declaração da ex-namoradinha do Brasil, afinal a ideia da devassa era pra ser só de mentirinha.
Das coisas difíceis da vida, uma das mais é ser coerente. Atração e reprovação andam lado a lado. Acho que é por isso que os fãs da Amy depositaram garrafas de bebida na calçada dela, sinal de respeito.
Reconheceram na cantora um uma espécie de “licença artística de trocar os pés pelas mãos, viver uma vida intensa e breve, ao contrário dos caretas e suas existências longevas e ordinárias”.
No final da vida, Amy Winehouse vinha produzindo sucessivas imagens onde aparecia cambaleante e insegura, exibindo um olhar amedrontado. Aparentemente tentando se segurar naquilo que a fez subir num palco pela primeira vez, a sintonia entre alma e corpo, e o manifesto através da musica. Um artista é um trapezista sem rede de proteção.
Espio por uma fresta da minha caverna e imagino que a Sandy desconfia disso, e talvez sinta que sem rede de proteção não dá. Mas seria legal que ao menos ela tivesse “o tipo de prazer que disse ser possível” – qualquer prazer é saúde.
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