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sexta-feira, 5 de agosto de 2011
05 de agosto de 2011 | N° 16783
TEMOR DE RECESSÃO GLOBAL
Incerteza testa defesas do Brasil
Quedas fortes nas bolsas mundiais, comparáveis às da crise de 2008/2009, refletem prenúncio de novo período de dificuldade
Uma nova onda de crise mundial provocou pesadas perdas nas principais bolsas de valores do planeta, só comparáveis às da Grande Recessão de 2008/2009. É um sinal de que o Brasil precisa se preparar para um período de maior dificuldade, que pode desembocar na forma de crescimento menor, lucros decrescentes e até menos emprego.
Ainda não é certo que o mundo enfrentará um período tão difícil como o atravessado entre 2008 e 2009, mas analistas prenunciam ao menos a desaceleração do crescimento mundial, em decorrência de problemas nas economias desenvolvidas – Estados Unidos e Europa.
– As bolsas são investimentos especulativos por natureza, reagem sempre de forma extremada. Existe risco de recessão global, mas é pouco provável. Para o Brasil, a situação é tranquila no curto prazo, mas temos duas condições desconfortáveis a médio e longo prazo: a moeda mais valorizada e o juro mais alto do mundo – adverte Antonio Corrêa de Lacerda, especialista em economia internacional.
Na avaliação de Rogerio Mori, professor da FGV especializado em economia brasileira, o mau humor dos mercados afeta o Brasil aos poucos. Por isso, projeta perspectiva de crescimento menor no país, com menos lucros e redução de ganhos para acionistas de empresas.
Mori considera “razoável” um cenário de recessão mundial, porque todas as grandes economias enfrentam dificuldades. Os países emergentes como o Brasil estão em melhor situação, mas talvez não consigam segurar sozinhos o ritmo do planeta, explica o professor:
– Uma coisa é certa: o cenário não é positivo como semanas atrás.
Estudioso da economia americana, João Marcus Marinho Nunes lembra que em agosto de 2010 houve um início de nervosismo semelhante, ao que os EUA responderam com uma injeção de dólares.
– Pode ser só mais um bug de verão (no hemisfério norte), mas as dívidas das grandes economias indicam que pode ser um problema sério. Embora tenham saído da recessão, os EUA ainda estão em depressão, não voltaram ao nível anterior de Produto Interno Bruto (PIB) – afirma Marinho Nunes.
marta.sfredo@zerohora.com.br
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