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segunda-feira, 1 de agosto de 2011
01 de agosto de 2011 | N° 16779
ARTIGOS - Paulo Vellinho*
A encruzilhada
Sem dúvida, os nossos governantes e de um modo especial a nossa presidente, o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central encontram-se na mais difícil encruzilhada de sua vida profissional, e qualquer que seja a decisão poderá ter repercussões importantes, tanto em nosso futuro social quanto econômico.
Sua origem reside na supervalorização do real em relação ao dólar, a qual deve ser vista sob dois aspectos:
1) Os altos juros estabelecidos pelo Copom atraem para o nosso país bilhões de dólares dos quais a maior parte ingressa com o objetivo especulativo, qual seja, de tomar dinheiro emprestado lá fora a juros baixíssimos ou quase zero, destinando os recursos advindos à compra de títulos do governo brasileiro, papéis seguros, praticamente sem risco, estabelecendo assim um irrecusável “negócio” que não gera para o Brasil riqueza ou muito menos emprego.
A vantagem desta política e deste resultado é que, com o dólar a R$ 1,60, as importações nesse valor vil ajudam a manter sob controle o combate à inflação.
Nenhum de nós deseja a volta do regime inflacionário, pois castiga os mais pobres e destrói todos os parâmetros socioeconômicos de uma sociedade.
Além disso, se considerarmos a estratégia de poder da China comunista, que exporta seus produtos manufaturados em valores abaixo do custo da matéria-prima, deve-se dizer que não só o Brasil, mas o mundo ocidental está a “reboque” desse dumping programado para o mal.
Na esteira dessa compra, compra lá de fora, convém registrar, os US$ 16 bilhões despendidos em 2010 e os US$ 10 bilhões no primeiro semestre deste ano, nas viagens “culturais” que se prestam também para comprar lá fora até pasta de dentes.
O total de 1 milhão de automóveis a serem importados em 2011, tendo uma indústria automobilística de Primeiro Mundo, tanto é que exporta seus carros para o Exterior, pode dar uma ideia da “orgia” da queimação não só de nossas reservas, mas principalmente de postos de trabalho, sem considerar o custo da deseconomia de escala.
2) Em contraposição às “vantagens” obtidas acima, cobram um inimaginável custo social e econômico: a desindustrialização do Brasil, sendo jogados pelo ralo os patrimônios físicos das empresas, sua tecnologia e, acima de tudo, e mais grave: provocarão uma crise terrível de desemprego.
Deve-se ainda considerar que a China (o governo comunista), em cumprimento de sua estratégia de poder, está investindo maciçamente em países potencialmente ricos em termos de superfície, subsolo e sol, do que deverá resultar no caso do Brasil o seu confinamento à triste posição de exportador de commodities, sem agregação de valor, matérias-primas estas que serão cada vez mais raras e, consequentemente, valorizadas pelas potências do Primeiro Mundo.
O mundo vai precisar da América Latina e da África para alimentar o seu futuro.
Estamos ou não estamos em uma terrível encruzilhada?
Deve-se refletir muito sobre o acima exposto, pois o futuro de nossos netos poderá estar comprometido.
*Cidadão brasileiro e empresário
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