terça-feira, 30 de agosto de 2011



30 de agosto de 2011 | N° 16809
LUÍS AUGUSTO FISCHER


Leitor adulto

Estive mais uma vez na Jornada de Passo Fundo, edição dos 30 anos daquele impressionante processo cultural, que tem sua face visível no evento bienal grandioso – circo com milhares de pessoas assistindo a figuras do primeiro plano nacional e internacional, acompanhado de seminários e encontros de leitores de todas as idades com escritores de todos os matizes – mas que tem permanente atividade numa extensa rede de encontros, leituras, debates, conversas, distribuição de livros, produção de programas para tevê etc., tudo isso ocupando a energia da UPF, da Tânia Rösing e sua extensa equipe, pelos meses afora.

No seminário que mais uma vez tive o gosto de coordenar, o Encontro de Escritores Gaúchos, havia bolado uma mesa-redonda que tinha por título “Literatura ao vivo”. Reuniu gente que promove eventos em volta do livro – estavam lá o Paulo Scott (inventor de vários eventos de temperamento pop, em Porto Alegre e agora no Rio de Janeiro), o Daniel Weller (pelas Maratonas de Leitura que coordenou), o Fernando Ramos (do Festipoa Literária) e a Katia Suman (que inventou o Sarau Elétrico – por sinal hoje tem, com a presença do mentor do sensacional site Obairrista.com).

Todos os quatro gente boa, fina, elegante e sincera, como deve ser.

Lá pelas tantas, uma professora presente, por sinal de Curitiba, fez uma pergunta sobre o que o pessoal da mesa achava de levar aqueles eventos às escolas, para motivar os alunos e para, por assim dizer, distribuir os frutos dessas iniciativas entre os alunos, especialmente os de baixo. Pergunta totalmente bem-intencionada, claro, mas que não teve resposta óbvia. Tomei eu mesmo a palavra, saindo de meu canto de coordenador, para pensar em voz alta. E me veio uma observação que repasso para o prezado leitor agora, no novo parágrafo.

É que esses eventos não são para o aluno escolar, especialmente não para crianças e adolescentes; pelo contrário, eles foram concebidos, talvez sem que isso fosse uma convicção explícita, para adultos, para leitores como eu e o amigo que agora acompanha estas linhas.

Este é o leitor em foco: aquele que já saiu da escola, aprendeu a ler e talvez tenha constatado que não aprendeu o suficiente, que gosta de ler em alguma medida, precisa dos livros, que gostaria de ler mais e melhor e por isso é uma criatura que gosta de compartilhar esse gosto e essa busca. Em suma, o leitor adulto leigo, que precisa cevar seu gosto. Não é?

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