segunda-feira, 8 de agosto de 2011



08 de agosto de 2011 | N° 16786
ARTIGOS - Cláudio Brito*


Máfia de vândalos

Até quando resistirão os contêineres que a prefeitura de Porto Alegre instalou nas ruas para recolhermos o lixo orgânico? Até onde irá a paciência da população? Os vândalos são imbatíveis? O que andam fazendo com os novos equipamentos da limpeza pública?

Destruição pela simples vontade de destruir o que é de todos nós? Conspiração para impedir que a modernização atrapalhe gente inescrupulosa que, de alguma forma, tira altos lucros do lixo que a cidade produz?

Como disse a delegada Shana Hartz, que investiga os incêndios e outros crimes de dano cometidos contra os contêineres, nenhuma hipótese pode ser afastada. O prefeito Fortunati tem a suspeita de que mafiosos do lixo estão por trás dos ataques.

Não fez rodeios e disse mais de uma vez que “lixo mexe com muito dinheiro, por isso tantos problemas. Fomos avisados de que enfrentarímos dificuldades com quem defende os interesses de pessoas envolvidas na máia do lixo,grupos que querem um jogo de cartas marcadas nas licitaçõs”.

Há quem veja apenas o vandalismo, coisa parecida com o que fazem os pichadores nas paredes e monumentos, ou o que fazem os hackers no mundo virtual. Seria uma febre e ponto final.

Onde estavam esses demolidores que nada fizeram contra os contêineres de entulhos, há anos presentes em várias esquinas? Fosse só vandalismo a onda de agora, o mesmo teria ocorrido com os coletores de restos de obras e demolições, ainda que mais robustos e indestrutíveis. Conclusão que reforça o pensamento do prefeito.

Tenho a cautela da polícia. Nada se despreza, tudo é possível.Vandalismo ou conspiração? Trama suja, para combinar com o lixo. Uma terceira possibilidade junta as duas anteriores.Tanto a máfia estaria agindo organizadamente quanto arruaceiros solitários responderiam pelo fogo ateado nas madrugadas.

Quem começou a baderna? O que importa saber é como terminar com isso e preservar o patrimônio público. Indispensável descobrir os autores dos atos de vandalismo e puni-los, sejam doidos varridos ou quadrilheiros que obedecem a um planejamento meticuloso.

Mais que os latões incinerados,o que estamos perdendo é a cultura da preservação. Separar o lixo, dar chance à reciclagem e cuidar do ambiente em que se vive são valores que vândalos ou mafiosos agrediram cada vez que um coletor foi queimado,amassado ou de algum modo danificado.

Quem souber de alguma coisa, ligue para o 156, que a prefeitura tomará providências. Procure a polícia, se preferir. A coleta seletiva continua.Nos mesmos dias de sempre, os caminhões recolhem o lixo seco. Os contêineres coletam o lixo orgânico 24 horas por dia. Nosso jeito de cuidar do lixo é exemplo para o Brasil, assim foi saudada a instalação dos coletores.

Não dá para sujar. Não me preocupa saber se os incendiários são mafiosos ou desordeiros. Todos são destrutivos e perigosos. Seja como for, são vândalos, são mafiosos.Agem por nada, ou atacam por tudo.Máfia de vândalos.
Jornalista

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