sexta-feira, 12 de agosto de 2011



12 de agosto de 2011 | N° 16790
PAULO SANT’ANA

O fim dos tempos

Os escândalos de corrupção se sucedem nos ministérios dos Transportes, Cidades, Turismo e Agricultura.

E Zero Hora publicou ontem, de modo incrível, que os governistas estão queixosos da postura da presidente Dilma Rousseff diante dos escândalos, demitindo os envolvidos e dando livre trânsito às investigações e prisões.

O que é que queriam “os governistas”? Que a presidente defendesse e ocultasse os corruptos?

O líder do PTB na Câmara Federal, deputado Jovair Arantes (GO), chegou ao despautério de declarar o seguinte: “Não podemos transformar o país em uma delegacia de polícia. Que história é essa?”.

É muita cara de pau. Um dos líderes da base aliada condenando o combate à corrupção. O que leva a concluir que tanto ele apoia os corruptos quanto se beneficia com isso.

Dizem os governistas, ainda segundo ZH de ontem, que a postura de Dilma Rousseff é uma tentativa de mostrar que o Planalto e o Judiciário são “bons”, enquanto os políticos são “ruins”.

Ou seja, o lodaçal se espalha, combatido aqui e ali elogiosamente pela Polícia Federal, e políticos da base aliada, de modo visível, querem pressionar a presidente a dar ordens à Polícia Federal para sustar as investigações: é outro escândalo dentro do escândalo.

Quase não se chega a acreditar que, no meio político, a falta de vergonha tenha chegado ao ponto de se exaltar a corrupção e pregar que o governo não a reprima. Quase não se chega a acreditar.

E a Polícia Federal, há muitos anos, vem dando mostras de que é uma das últimas reservas morais da nação.

Transmite-se vivamente de Brasília a impressão de que governo e democracia não funcionam sem uma base aliada e que, mal ela se consagra, instalam-se nos ministérios bolsões imensos de corrupção sob o pretexto da governabilidade.

Imagina-se que os partidos da base aliada se especializaram em equipes encarregadas de transferir grandes nacos das verbas públicas para os bolsos de seus integrantes, através de fraudes, achaques, “mordidas”, sórdidas “comissões”, calculando-se que o Brasil já atinja cerca de 35% de todas as dotações destinados à corrupção.

Parece que chegamos ao fim dos tempos nesse passeio triunfal dos corruptos em torno aos governos.

E a todo esse espetáculo assiste estarrecido o povo, a julgar pelo teor específico dos e-mails que são enviados à imprensa e a esta coluna diariamente, entre protestos e desolações.

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