Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
09 de agosto de 2011 | N° 16787
DAVID COIMBRA
O que contempla do alto das pirâmides
Você sabia que a Pirâmide de Quéops é o mais pesado monumento forjado por mãos humanas em toda a História?
Decerto que não sabia. Até por que, pensando bem, por que alguém haveria de querer levantar a Pirâmide de Quéops? Certo.
Mas é evidente que basta a menção do nome “Egito” para lhe vir à mente a imagem Pirâmide de Quéops, chamada de A Grande Pirâmide, a única das Sete Maravilhas do Mundo Antigo ainda de pé.
Todas as 80 pirâmides que brotam da areia do deserto fervente do Egito são admiráveis, mas nenhuma é mais do que essa, por sua imponência e perfeição. No entanto, isso não faz com que seu construtor seja, ele também, admirável. Ao contrário, Quéops foi odiado por seus contemporâneos.
Segundo Heródoto, Quéops foi um faraó cruel e tirânico. Heródoto saiu da sua Grécia e visitou o Egito no quarto século antes de Cristo. Ou seja: dois mil anos DEPOIS do reinado de Quéops.
Mesmo assim, o testemunho de Heródoto é confiável, porque muitas das histórias que ele conta em seu livro foram confirmadas nos últimos séculos por descobertas da Ciência, apesar de parecerem, essas histórias, nada mais do que fantasias do autor ou de suas fontes. Por isso, eu aqui não apenas li o livro de Heródoto com prazer como acreditei em tudo que ele relatou e que não foi desmentido mais tarde.
Sobre Quéops, Heródoto escreveu o que lhe repassaram os sacerdotes egípcios: o homem estava de tal forma obcecado com a construção da sua pirâmide que exauriu o tesouro público na obra. Você sabe como são obras: custam sempre muito mais do que o previsto. Se o arquiteto apresenta um orçamento de 60 mil, prepare-se para gastar 120 mil. Foi o que aconteceu com Quéops. Os recursos do Egito foram todos empregados na construção da pirâmide, o país estava arruinado, o povo passava fome e a coisa não ficava pronta nunca.
Você, se está nessa situação, o que faz? Apela para a rede bancária. Mas não existiam bancos no Egito de 45 séculos atrás. Qual a saída? Quéops lançou mão de um recurso pouco ortodoxo, que dá bem a medida de seu caráter: mandou a própria filha para um lupanar, ordenando que se entregasse à população masculina mediante pagamento e que a féria fosse destinada à finalização da obra.
E a princesa converteu-se em meretriz, mas com uma condição: cada cliente, além do pagamento em espécie, teria de lhe presentear com uma pedra para que ela também pudesse plantar uma pirâmide no deserto, a fim de repousar em seu interior por toda a eternidade.
Assim foram construídas a Grande Pirâmide e mais outra, que se encontra à sua frente, onde foi deitada a múmia da princesa. Se você for a Gizé, pare entre elas, olhe de uma para outra e pense em como se ergueram do chão. Faça então uma saudação àquela princesa da mais remota Antiguidade, porque ela foi uma mulher linda, ou não teria tanta freguesia; porque ela foi uma filha obediente, ou não teria se deixado profanar com tanta facilidade; e porque ela foi uma competente profissional do prazer, ou não teria conseguido levantar aquele verdadeiro monumento ao sexo a soldo.
Quéops, portanto, concluiu sua pirâmide, reinou por 56 anos e entrou para a História, mas não conquistou o amor ou o respeito de seus súditos. A prova é que os egípcios não chamavam sua pirâmide de Pirâmide de Quéops, como nós. Não: eles a chamavam de “Pirâmide de Filítis”, um pastor que tinha por hábito apascentar seu rebanho naquele local. Uma pequena vingança de um povo oprimido.
Mas o que importa é a forma como foi erguido um dos mais impressionantes, senão o mais impressionante edifício da História humana: com sacrifício de todo um povo e com o amor remunerado. É no que penso agora, 4.500 anos depois, quando vejo a construção dos estádios brasileiros para a Copa do Mundo. Quanta história escusa há por trás de cada bloco de pedra fria.
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