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segunda-feira, 8 de agosto de 2011
08 de agosto de 2011 | N° 16786
PAULO SANT’ANA
Um triste mandato
Como é que o deputado federal Giovani Cherini (PDT-RS) conseguiu sujar seu mandato ao mover processo contra o músico Tonho Crocco por este ter composto um rap que criticava os deputados estaduais gaúchos por aumentarem em 73% seus próprios vencimentos? Como é que o deputado foi tomar tão infeliz atitude, ferindo a liberdade de expressão e a liberdade artística, garantidas pela Constituição?
E o deputado fez isso tudo na surdina, comprometendo seus colegas e a Assembleia.
Gozado como pretensos democratas se revelam em alguns gestos nazistas.
E não entendo como é que foram aceitar de início esta ação estapafúrdia e antidemocrática.
Que tremendo gol contra o parlamento.
É simples, se a polícia encontrar vestígios de combustíveis nos contêineres da limpeza pública que estão sendo incendiados nas madrugadas da Capital, trata-se de sabotagem.
E, se for assim, sabotagem, ao que quase tudo indica, de interesses contrariados na nova forma de recolher lixo.
É caso só de polícia. E é muito fácil prender os prováveis sabotadores, caso eles prossigam, basta vigiar os contêineres.
Que coisa!
Não sei como pude, na semana passada, dar dois furos jornalísticos em apenas quatro dias: as demissões de Vicente Martins, vice de futebol do Grêmio, Julinho Camargo, treinador, e a posse de Celso Roth no posto destituído.
E, no caso da posse de Roth, fui maliciosamente preciso: disse que seria anunciada “à tarde” de quinta-feira, o que aconteceu na mosca, mas deixou nosso diretor Ricardo Stefanelli, de ZH, nervosíssimo até o desfecho.
Este meu feito prova em primeiro lugar que estou vivo: como posso, além de emitir opiniões a torto e a direito, fornecer aos leitores e ouvintes informações exclusivas, nesta minha incansável e já agora quase imortal ânsia de ser completo?
Eu queria ser meu leitor e meu ouvinte, ostentaria o privilégio de saber das notícias três meses antes, como foi o caso da minha previsão da demissão de Falcão.
Como posso fazer isso? Pois respondo de pronto: estou escrevendo, por exemplo, esta coluna exatamente às 7h8min, manhã cedinho.
Mas como posso, saído de 50 dias de dilacerante radioterapia, ter escrito sem faltar ao serviço 50 colunas fresquinhas para os meus leitores? Como posso?
Onde reúno forças para estas façanhas?
Como me atiro, com 72 anos de idade, ao entusiasmo juvenil dos que estreiam em jornalismo e se dedicam aos furos?
Por falar em furo, o maior de toda a história de Zero Hora fui eu quem deu, no sequestro do menino Alexandre Möller, quase 40 anos atrás. Está bem, mas então eu era um jovem?
Mas e agora, que estou velho, como posso continuar furando?
Como posso? Isso é o que se pode chamar de senso de dever.
E se me elogio assim tão sem pudor é porque, se não o faço, ninguém o faria nesta província glacialmente econômica em louvores ao próximo.
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