segunda-feira, 15 de agosto de 2011



15 de agosto de 2011 | N° 16793
EDITORIAIS ZH


A escola e a tecnologia

O ensino brasileiro, que já enfrenta deficiências estruturais históricas, é retardatário também em relação aos avanços das chamadas tecnologias da informação. Estudo realizado em escolas públicas pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, formado por representantes de vários ministérios e entidades privadas, revela que os estudantes até dispõem de equipamentos em sala de aula, mas enfrentam deficiências. Em 81% dos educandários há laboratórios de informática, mas com uso precário.

Aulas expositivas, interpretação de texto e exercícios práticos de fixação do conteúdo, comuns em qualquer escola, não conseguiram se tornar mais sedutores com o uso do computador para a abordagem de conteúdos digitais. Um complicador, para exploração das potencialidades, é a confissão de 64% dos professores de que se sentem constrangidos por saberem menos de computador e internet do que os próprios alunos.

As conclusões são preocupantes, por acrescentarem mais desafios aos que as escolas já enfrentam, com estruturas muitas vezes precárias, os baixos salários do magistério e as reconhecidas deficiências na formação dos professores.

Uma escola que não consegue acompanhar a evolução da tecnologia, amplamente dominada especialmente pelos jovens, corre o risco de se tornar cada vez mais desinteressante. Experiências bem-sucedidas, que exploram as possibilidades oferecidas pelos computadores e pela internet, não podem se limitar ao ambiente da escola privada. Também a rede pública deve perseguir resultados de excelência no uso das ferramentas disponíveis, para que o ensino se renove e seja mais eficiente.

O grande desafio é a utilização da tecnologia de forma pedagógica, o que não vem sendo feito, na maioria dos casos estudados, porque os computadores não migraram de espaços fechados – os chamados laboratórios – para a sala de aula.

É óbvio, no entanto, que os mestres somente obterão melhores resultados se tiverem o suporte de políticas públicas e forem capacitados a lidar com máquinas que muitos deles ainda não dominam totalmente. A escola precisa de recursos, de habilitação e de criatividade, para – sem dispensar métodos consagrados de ensino – atender às demandas das gerações do século 21.

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