terça-feira, 16 de agosto de 2011



16 de agosto de 2011 | N° 16794
DAVID COIMBRA


Tristeza não é profundidade

“Árvore da Vida” é um filme que ostenta os nomes de Brad Pitt e Sean Penn reluzindo no elenco.

É um filme de Terrence Malick, um perfeccionista que leva quatro ou cinco anos burilando uma única montagem, cortando, editando, aperfeiçoando incansavelmente.

É um filme com quatro bolinhas pretas, de cinco possíveis, na cotação de Zero Hora.

Foram essas as razões que me levaram ao cinema no sábado à noite, para assistir à estreia do filme em Porto Alegre. Terrível erro que, espero, você não cometa. Árvore da Vida é um filme CHATO. Uma hora e vinte minutos de uma baboseira pretensiosa e mal-enjorcada. O cara começa com o Big Bang, passa pela queda do meteoro que abriu uma cratera no México e extinguiu os dinossauros e, de repente, abalroa uma prosaica família americana dos anos 50.

A intenção é discorrer sobre a crueldade da Natureza em oposição às glórias da existência, o Todo-Poderoso, o sentido da vida, blábláblá. Presumivelmente, tudo muito denso, tudo muito filosófico. Na verdade, tudo tão óbvio que você sente vergonha de ter pago 16 reais para ver aquele troço.

Brad Pitt até que funciona. Usou um dos velhos truques de Marlon Brando: empurrou o queixo para frente e transformou-se em prógnata, detalhe suficiente para lhe amarrar uma expressão obtusa no rosto. Já Sean Penn, sua única tarefa foi aparecer com cara de quem perdeu a Scarlett Johansson. Barbada para quem já teve a Scarlett Johansson.

A sala estava cheia de incautos, sábado à noite. Alguns, mais espertos, saíram no meio da “ação”. Eu, teimosamente, mantive-me revirando na poltrona. Esperava a todo momento que o filme fosse melhorar. “É agora!”, pensava, em meio a uma cena tensa. Não era. “É agora!”, insistia, no começo de outra. Não era também. Nunca foi. O filme me enganou o tempo todo. Sou um otário mesmo.

Quando a tortura acabou, um murmúrio de indignação percorreu a sala. Pobres de nós. Saímos de lá precisando de uma cerveja consoladora.

O problema desse filme é o de tantas tentativas de obra de arte que existem por aí. É que as pessoas confundem tristeza com profundidade. A coisa é depressiva? Pesada? Perto do insuportável?

É profunda.

Pegue Virginia Woolf ou Clarice Lispector. Todo aquele sentimentalismo feminino, grudento, fracassado, opressivo e melancólico. As pessoas adoram. Fico imaginando os caras que se envolveram com essas mulheres. Que desgraça. Que sofrimento. O pior é que mulheres assim são atraentes. Uma bela mulher com um olhar triste torna-se uma mulher misteriosa. Que sonhos ela acalenta?

Que dor aqueles olhos enxergam no mundo? Mas há que se ter cuidado. Às vezes aquela tristeza é só isso mesmo: triste. Uma mulher dessas pode transformar a vida de um homem num pântano de angústia. Preste atenção, meu amigo leitor: se, quando você está assediando uma mulher, ela lhe diz:

– Eu sou muito complicada...

Se ela diz isso, saia correndo. Ela está dizendo a verdade.

Ou, pelo menos, ela está dizendo o que acha ser verdade. Ela acha que é complicada, que é profunda, quando não é senão uma baita chata. Fuja, amigão!

Mulher depressiva não é sinônimo de mulher interessante, filme arrastado não é sinônimo de filme reflexivo, literatura difícil não é sinônimo de literatura inteligente e futebol defensivo não é sinônimo de futebol vencedor. Enfim, como já disse e repito: tristeza não é profundidade.

Velozes e furiosas

Oscar está jogando de volante na Seleção Sub-20. Talvez seja um desperdício escalá-lo nessa posição, mas um meio-campo bem razoável, bem promissor e bem barato seria Elton, Oscar, D’Alessandro e João Paulo.

As convocações de Victor para a Seleção Brasileira só terão utilidade ao Grêmio se ele for vendido.

Se não for, e continuar no time, quem perde é o time. E, claro, Marcelo Grohe, que fica sentado no banco, vendo a bola voar gol adentro.

Pode um jogador que marca dois gols ser um dos piores em campo?

Se puder, então Marquinhos foi um dos piores em campo.

O gol contra o Bahia provou que o Inter não precisa de tática sofisticada. Basta pôr a bola mais ou menos perto da área. Damião estará lá, pronto para fazer o gol.

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