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sexta-feira, 30 de outubro de 2009
ELIANE CANTANHÊDE
Que vengan los toros!
BRASÍLIA - A entrada da Venezuela no Mercosul é uma questão econômica e pragmática, não política e ideológica. E, isso, do ponto de vista externo e interno. Assim, ficou sem sentido a polarização entre o governo, fazendo pressão a favor, e a oposição, brincando de impedir, sabendo que não tinha votos e nem mesmo discurso para tanto.
O Brasil foi o principal patrocinador e avalista da entrada da Venezuela no Mercosul, com o argumento objetivo de que o país de Chávez é o quinto produtor de petróleo do mundo. Onde jorra petróleo, jorra dinheiro.
A votação, que se arrasta há anos no Congresso brasileiro e atravanca a decisão também do Paraguai, não deveria ser sobre a entrada ou não de Chávez no Mercosul, mas, sim, sobre a entrada da Venezuela. O ônus político que o presidente pode trazer para o bloco pode ser fartamente compensado pelo bônus econômico que o país trará.
Será o primeiro país de fora a aderir aos quatro originais -Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai-, garantindo um salto de bom tamanho no PIB do Mercosul, que passará para US$ 2,3 trilhões.
Resultado: com Chávez ou sem Chávez, mas com a Venezuela, o Mercosul terá 80% do PIB, 72% da área e 70% da população da América do Sul. Alguns países ricos, principalmente os EUA, podem até fazer muxoxo, mas é improvável que um bloco com esse tamanho seja simplesmente desprezado por antipatias ou idiossincrasias.
Os últimos lances da votação, até a aprovação na Comissão de Relações Exteriores no Senado, mostram o quanto a oposição está desnorteada.
Assumiu uma causa equivocada, sabia antecipadamente que iria perder e, ainda por cima, escolheu a pior data para perder: justamente quando Lula estava aos abraços com Chávez na Venezuela.
Foi um presentão para Lula, que tem mais um motivo para rir à toa. Só que o Mercosul está virando uma arena. Ele que toureie Chávez.
eliane@uol.com.br
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