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quarta-feira, 14 de outubro de 2009
14 de outubro de 2009 | N° 16124
DIANA CORSO
Um filme up sobre uma época down
Para os velhos, o rugido da vida cotidiana diminuiu, talvez estejam mais surdos para ele por ficarem mais atentos aos ruídos internos. O corpo fica barulhento, como uma máquina antiga. Mas há também o barulho das lembranças, que chamam alto: eles vivem como se cada objeto fosse dar um discurso, cada lugar contasse a história de tantos outros onde já se esteve. Velhos ouvem vozes, no bom sentido. Muitas vezes os velhos distraem-se do que acontece fora porque têm muito para ouvir por dentro.
Up, o filme de animação, é uma história de amor e de balanço da vida, o fim da jornada de um casal que sonhou com aventuras que não viveu. Carl Fredricksen, 78 anos, encerrava uma inglória carreira de vendedor de balões e amargava as saudades da esposa perdida.
Sentia-se em dívida com a amada, por isso transformou a velha casa em um dirigível, amarrando nela milhares de balões, e rumou voando nesse improvável veículo para o lugar com o qual o casal sonhara: um paraíso natural na América do Sul, onde um explorador que eles admiravam fizera descobertas.
Por engano foi junto um escoteiro gordinho, que o importunava tentando fazer-lhe favores. É a partir daí que aquele senhor ranzinza começa a incorporar a figura do avô. Em espanhol existe uma palavra que nos faz falta em português: abuelidad, similar ao paternidad. Trata-se de tornar-se avô, que é uma forma leve de conviver com os descendentes, na qual só se fica com a parte boa. Afinal, algo tem que ser bom na velhice, a melhor idade para sentir dores e tomar remédios.
No seu destino, Carl encontra o tal explorador no fim da vida, ainda obcecado pelo sucesso e pela carreira. Ambos velhos perseguiam uma pendência, mas ele levava outra bagagem, simbolizada pela casa cheia de lembranças da esposa e o escoteiro.
Ele descobriu que sequer o grande explorador sentia-se em paz com as suas realizações, que dirá ele, vendedor de balões. Mas Carl possuía melhor acervo: uma história de amor para lembrar e uma criança chata para aprender a se vincular. Essa história de idosos não parece assunto para crianças, mas convém lembrar que a vida dos pequenos muitas vezes é mais próxima dos velhos do que a dos adultos.
Os pais estão tontos da correria da vida, aparando golpes de todos os lados, e não têm tempo de escutar seu ruído interno, nem a voz baixa das crianças, estão exaustos. Estes veem no velho um espantalho assustador do que lhes espera na próxima estação, pena. É um filme para todas as idades, mas são os mais crescidos que vão aprender mais.
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