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quinta-feira, 22 de outubro de 2009
22 de outubro de 2009 | N° 16132
RICARDO SILVESTRIN
Palavra de roqueiro
Não devemos nos acostumar com Frank Jorge. De repente, pode todo mundo achar comum que alguém faça um rock caprichado, com arranjos tipo anos 1960, melodias redondinhas. Pode todo mundo mesmo se acostumar que exista alguém como ele, com seu cabelo crespo penteado para o lado, suas roupas de brechó, sua fala dúbia com acentos gaudérios de tempos em tempos.
Como vocês estão vendo, é difícil se acostumar, não estranhar o Frank a cada vez que se cruza com ele no Bar Ocidente, nas ruas do Bom Fim, pelos corredores da Unisinos, onde ele ensina rock. Sim, um roqueiro coordenar um curso de rock numa universidade é algo que, com o passar do tempo, todo mundo vai se acostumando.
Também um compositor fazer músicas influenciado por Roberto e Erasmo Carlos, a sério, não como ironia ou pastiche, é algo que pode acabar se escondendo na paisagem como essas esculturas nas fachadas de várias casas antigas pela cidade.
A gente passa por elas e pensa que já viu. Quando viajamos para outra cidade, outro país, reparamos com espanto nessa mesma arquitetura como se fosse nova, estranha.
E o mais perigoso é achar que isso tudo que o Frank nos apresenta é coisa do Frank. Como se fosse fácil, e inevitável, ele ser surpreendente. Mas, mesmo que você já tenha catalogado o Frank Jorge na categoria Frank Jorge, na sua cabeça, tem um elemento do trabalho dele que sempre vai tirar a sua percepção do lugar. É o verso das suas canções.
O disco Volume 3 é uma nova prova disso. Cuidei para não escrever é mais uma prova disso. Há vários versos que acordam o ouvinte que vinha embalado pela melodia, pelo teclado, pela guitarra. Já na faixa 1: “Elvis na fase decadente é bem melhor que muita gente”. Desfaz o clichê da imagem do velho ídolo e ainda dá uma cutucada na falta de qualidade da cena musical.
Outra: “Eu demiti um amigo / oh meu Deus / por que isso aconteceu comigo / eu era um subordinado / cumprindo ordens de um desmiolado”. Não é uma definição da vida profissional? Quem nunca foi, ou é ainda, um subordinado cumprindo ordens de um desmiolado? Desde Sêneca, o conselheiro de Nero!
Outra, “de que me adianta ter pilhas de livros / se mal tenho tempo pra ler / de que me adianta gostar tanto assim / se eu nunca estou com você”. E pra terminar: “Quando as crianças chegaram / tudo mudou / o preço aumentou / das compras que fazemos no super / mas eu pago com carinho”.
A força criativa da palavra nas suas canções faz com que a gente sempre se espante com Frank Jorge.
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