sexta-feira, 9 de outubro de 2009


ELIANE CANTANHÊDE

A cara do Itamaraty

BRASÍLIA - Com o "agrément" do governo argentino para o novo embaixador brasileiro em Buenos Aires, Ênio Cordeiro, o chanceler Celso Amorim formaliza a nova dança de cadeiras no Itamaraty e deixa seus principais amigos e colaboradores em funções-chave da diplomacia na campanha eleitoral e na reta final do governo Lula.

Amorim é um dos quatro ministros que entraram com Lula no primeiro dia do primeiro mandato e tendem a chegar com ele, no mesmo cargo, até o último dia do último mandato. A não ser que, contrariando as expectativas, Amorim decida sacar a sua ficha de filiação ao PT, novinha em folha, para disputar um mandato, por exemplo, de deputado federal pelo Rio de Janeiro.

Samuel Pinheiro Guimarães, decisivo para enterrar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), se despede da carreira depois de ocupar a Secretaria-Geral, segundo posto da hierarquia, mas sem jamais ter sido embaixador no exterior.

Sai da carreira, mas mantém fortes laços com o PT e com Lula e tem vaga certa na formulação do programa de Dilma à Presidência.

Com o maduro Samuel num posto-chave, Amorim passou a dar destaque para os "jovens" da carreira, a ponto de surpreender com a insólita indicação de Antonio Patriota para a mais poderosa embaixada do planeta, a de Washington, sem que ele jamais tivesse ocupado alguma outra embaixada antes. Ou seja, sem ser treinado nem avaliado.

Uma ousadia e tanto, ainda sem se saber o grau de acerto -ou de erro.

O Itamaraty da campanha e do último ano fica assim: Patriota na Secretaria-Geral, Mauro Vieira na Embaixada de Washington, Ênio Cordeiro na de Buenos Aires, Vera Machado na Subsecretaria-Geral de Política, Roberto Azevedo na OMC e Maria Luiza Viotti na ONU.
Convém registrar esses nomes.

Eles são o Itamaraty de hoje e, provavelmente, de amanhã, ganhe quem ganhar em 2010.

elianec@uol.com.br

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