segunda-feira, 26 de outubro de 2009



26 de outubro de 2009 | N° 16136
LUIZ ANTONIO DE ASSIS BRASIL


Carlos Urbim

Carlos Urbim não existe.

Carlos Urbim é uma metonímia em ação.

Ao dizermos seu nome, evocamos as qualidades que todos quereriam para si num dia de festa: alegria, savoir-vivre, inteligência, afeto, doçura, descomplicação, talento.

Carlos Urbim não tem arestas, exceto as dos seus óculos, em geral redondos.

Os cabelos brancos da meia-idade, nele, ao contrário do que acontece com todo mundo, são o retorno à infância das geadas de Santana do Livramento.

Carlos Urbim é um livro, capaz de criar esse poema que vale o Nobel de Literatura:

Duas traças, irmãs

Biblió e Teca

Na hora do almoço

Com muito alvoroço

Ouvem a voz

Da mãe traça:

Biblió, Teca!

Venham almoçar

Há guisadinho

De papel

Para traçar!

Quando ele fala, calam-se todos, fascinados: seu belo e ruidoso sotaque veste bombachas, botas e chapéu largo de barbicacho.

Carlos Urbim é um festival de pandorgas coloridas, voando ao generoso vento do Lago do Batuva.

Com ele, todas as crianças têm pai, têm avô. Mas, como quase nunca acontece na vida real, esse avô e esse pai possuem humor inalterável.

Mesmo sem mover as mãos, ele faz mágicas: tira da cartola as graciosas personagens que povoam os sonhos de seus leitores.

Quando foi escolhido Patrono da Feira do Livro, não foi apenas ele: foi ele e tudo o mais.

Parabéns, Amigo.

Junto com tua Alice, recebe o abraço de todo o Rio Grande, esse Rio Grande que ajudas a criar.

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