Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
12 de outubro de 2009 | N° 16122
L. F. VERISSIMO
Nomes
“Bikini” dava medo. Era o nome de um remoto atol no Pacífico onde os americanos faziam seus testes com bombas nucleares. Especulava-se sobre os efeitos dos testes na atmosfera e da sua irradiação na humanidade.
Lembro-me de um filme de ficção científica da época, em que um iate desavisado passava muito perto da zona dos testes e seus ocupantes, quando voltavam para casa, começavam a virar monstros.
E notícias de Bikini eram lembretes constantes da possibilidade de uma guerra nuclear que nos liquidaria a todos. Mas as notícias constantes também popularizaram o nome, que foi adotado para o maiô de duas peças reduzidas que começava a aparecer nas praias. Não sei de quem foi a ideia de chamar o novo maiô de bikini, nem se havia outro motivo para usar o nome além do fato de ele estar em evidência.
Talvez uma alusão ao poder demolidor de um belo corpo exposto de maneira inédita?
De qualquer maneira, o nome pegou. Dizem que o atol de Bikini ainda brilha no escuro e peixes mutantes nadam ao seu redor. A ameaça nuclear não terminou. Mas, para o consumo do mundo, a banalidade derrotou o terror.
Em 1957, para espanto de todos e embaraço dos Estados Unidos, a União Soviética pulou na frente na corrida espacial, lançando o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik.
Os americanos responderam acelerando o seu próprio programa espacial, que acabou colocando um homem na Lua, mas durante algum tempo tiveram que conviver com aquela prova da superioridade científica dos russos girando sobre suas cabeças.
Mesmo se, como diziam os cínicos, a única vantagem dos russos sobre os americanos era que tinham ficado com melhores cientistas alemães no fim da II Guerra Mundial, para todos os efeitos de propaganda e autoestima a competição era entre dois sistemas, e o comunista estava ganhando. Mas, se sentiam-se ameaçados pela coisa, os americanos adoraram o seu nome.
Em pouco tempo o sufixo “nik” passou a ser usado para tudo nos Estados Unidos. Membros da geração “beat” ficaram conhecidos como “beatniks”, embora em nada lembrassem uma bola dando voltas na Terra e fazendo “bip, bip”. Ou talvez, às vezes, lembrassem. No caso do Sputnik, também ganhou a banalidade.
Bai bai
Vou tirar férias. Volto no dia 16 de novembro. Comportem-se.
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