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quarta-feira, 21 de outubro de 2009
ANTONIO DELFIM NETTO
Tempestivas e pragmáticas
A AGENDA pós-crise para o setor industrial brasileiro deve concentrar ações do governo no sentido de promover uma retomada rápida dos investimentos e a completa desoneração das exportações.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria, senhor Armando Monteiro Neto, defendeu com muita oportunidade aqueles objetivos durante a última reunião do Grupo de Acompanhamento da Crise, em Brasília, na presença do presidente da República e dos ministros da área econômica.
Ele observou que os empresários reconhecem que o governo brasileiro soube enfrentar a crise com medidas tempestivas e pragmáticas.
Elas permitiram que em apenas dois trimestres a recessão fosse superada com muito menos sacrifício do que nos demais países, salvando empregos, preservando a renda e com a manutenção do consumo interno.
Restaram dois sérios desafios na agenda pós-crise da indústria:
1) criar as condições para a retomada dos investimentos que sofreram forte redução no período;
2) recuperar as exportações de manufaturados, que tiveram queda de 30% nos últimos 12 meses, não apenas pela situação desfavorável do comércio mundial mas também pela perda de competitividade devido aos altos juros, à tributação excessiva e à burocracia, além do problema do câmbio.
As observações do presidente da CNI e as reivindicações que apresentou ao governo são muito claras. Os empresários não estão pedindo tratamento excepcional ou subsídios estatais. O que eles estão pedindo são condições isonômicas para enfrentar os seus competidores no comércio mundial.
No Brasil e em todo o mundo, houve uma forte retração nos investimentos desde o começo da crise financeira. A atividade na indústria se sustentou razoavelmente, graças à desoneração temporária dos tributos e à capacidade de conciliação de empresários e trabalhadores na manutenção dos empregos.
A queda do nível dos investimentos no setor exportador foi dramática. Insistimos em cobrar impostos dos consumidores estrangeiros enquanto nossos competidores oferecem baixa taxação, subsídios muitas vezes disfarçados, juros reais que são um terço dos que são cobrados dos nossos fabricantes e o câmbio em equilíbrio.
É preciso remover os entraves internos à competição dos produtos da indústria no exterior. No momento em que se confirmam os indícios de recuperação da economia, o governo tem a oportunidade de agir novamente de forma pragmática e tempestiva para reanimar o ritmo dos investimentos e retomar o dinamismo exportador.
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