quarta-feira, 28 de outubro de 2009



28 de outubro de 2009 | N° 16138
PAULO SANT’ANA


O olho de Franciele

Ontem, estive a ponto de pedir uma audiência com a governadora.

Foi a respeito da menina Franciele Cunha Brandão, residente à Rua Fernando Abbott, 715, POA.

É aquela menina para quem pedi socorro às autoridades por ela estar perdendo o último dos dois olhos, do primeiro já está cega. E o glaucoma está por cegar-lhe o segundo.

Eu ia pedir audiência à governadora porque Yeda Crusius me garantiu que essa menina seria amparada.

Além da governadora, o secretário estadual da Saúde, Osmar Terra, me garantiu pessoalmente que essa menina ia ser amparada.

E, até agora, nada de amparo. Ou melhor, nada de amparo objetivo. Até agora, só firulas.

Na Santa Casa, as firulas consistiram em examinar a menina e concluir que seu caso não tem solução em Porto Alegre.

Que descoberta! Que ovo de Colombo! Quem é que não sabia que não havia solução para a menina em Porto Alegre? Se houvesse solução, creio que apesar da brumosa competência do SUS, que não se sabe se pertence à prefeitura, ao Estado ou ao plano federal, se houvesse solução em Porto Alegre, repito, creio que, apesar de todos os desacertos, já teriam solucionado.

Sabiam os oftalmologistas da Santa Casa que em Porto Alegre não há solução para o caso dessa menina. Porque isto eu escrevi na minha coluna no dia em que bradei por socorro para ela.

Escrevi mais: que a única esperança de cura para essa menina é o renomado oftalmologista de Goiânia Marcos Ávila, titular da maior clínica oftalmológica brasileira.

E é para lá que essa menina tem de ser encaminhada.

E eu ia pedir audiência com a governadora porque um atrapalhado intermediário dos quadros da Secretaria Estadual de Saúde disse esses dias à menina, que prossegue clamando por socorro, que o Estado vai pagar as passagens de avião dela até Goiânia mas não poderá pagar alimentação e hotel para ela lá em Goiás, isto terá de ser custeado pela própria menina. E mais disse o medíocre burocrata: que ela, a menina, é que terá de marcar consulta com o oftalmologista famoso de Goiânia.

Eu queria responder a esse irresponsável subcacique da Secretaria de Saúde estadual que essa menina não tem dinheiro para pagar o ônibus do Iguatemi, onde ela mora, até o Centro. Como é, imbecilidade suprema, que ela vai poder pagar hotel e alimentação em Goiânia, quando for consultar ou se operar com o oftalmologista de lá?

Ou seja, estão enrolando essa menina. Estão embromando essa menina. E por isso eu queria falar com a governadora.

Mas não foi preciso, o Paulo Burd, assessor de imprensa da Secretaria da Saúde estadual, me colocou em tempo recorde a telefonar com o secretário Osmar Terra, que estava em Brasília, mas me atendeu prontamente.

Em suma, o que me disse e me prometeu Osmar Terra, ontem à tarde, pelo telefone: “Eu quero te assegurar, Sant’Ana, que essa menina será mandada a Goiânia, com consulta marcada por nós, com passagens aéreas pagas por nós, com estadia e alimentação custeadas pelo Estado ou pelo SUS.

E quero também te assegurar de mais: se em Goiânia, com o médico Marcos Ávila, a menina Franciele não resolver este problema, e se em algum lugar do mundo houver solução para seu problema, nós a enviaremos para lá, por conta do SUS, que cansa de mandar pacientes para o Exterior”.

Quero dizer que sou obrigado a acreditar nas pessoas. E vou mais uma vez dar um crédito ao excelente secretário Osmar Terra.

Tenho certeza de que ele fará a menina Franciele ser acompanhada de um familiar e de um funcionário da Secretaria da Saúde a Goiânia, com tudo custeado pelo poder público.

Não foi preciso eu marcar audiência com a governadora, que fica assim reservada como minha última instância.

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