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segunda-feira, 5 de maio de 2008
05 de maio de 2008 | N° 15592
Paulo Sant'ana
Indústria da reprovação
8 a 1, assim também é demais. Parabéns ao Internacional e aos seus torcedores.
A indústria descarada da reprovação nos exames para tirar habilitação no Detran tem de acabar.
Não é possível que o Detran e seus permissionários lucrem com a reprovação dos candidatos.
Cada vez que um candidato roda, lucra mais o Detran e seu permissionário.
Então, é negócio reprovar. E o incrível é que o Detran reprova nos exames a quem ele aprovou nas aulas. Isto é um escândalo.
A leitora abaixo relata bem essa via-crúcis dos candidatos: "Caro Paulo SantAna. Estou escrevendo este e-mail para relatar ao senhor algumas coisas que acontecem nos exames práticos para motoristas, realizados pelo Detran, já que não temos meios de divulgar esses absurdos. Espero que o senhor, através da sua voz, da sua coluna, possa fazer algo em nosso favor, para tentarmos de alguma maneira colaborar para que isso algum dia mude e que haja mais justiça nesses testes.
Eu sou uma pessoa que sabe dirigir há algum tempo mas que, talvez por comodismo, até hoje não tinha tido interesse em fazer a carteira. Agora resolvi fazer por uma necessidade, pois sou médica e trabalho num posto de saúde municipal de difícil acesso com o transporte público.
Quando fui fazer as provas, todos os candidatos que lá se encontravam estavam fazendo pela segunda, terceira e até pela quinta vez, sendo que quase todos já dirigem há um bom tempo.
Já fiz o exame três vezes e fui reprovada. Na primeira vez, acho que foi correto, pois encostei na baliza; na segunda vez, estacionei corretamente e fiz também o teste da garagem, porém fui reprovada porque não dei dois pisca-piscas e por isso tive o teste suspenso sem ter tido a oportunidade de fazer o percurso; na terceira vez, estacionei corretamente e, quando estava terminando o teste da garagem, tive o teste suspenso, pois alegaram que ultrapassei o tempo máximo de cinco minutos.
Sempre que não é ultrapassada esta etapa, não temos a chance de fazer o percurso para podermos ser avaliados na rua, com o fim de saberem se dirigimos com segurança no trânsito, se respeitamos as leis e placas de trânsito, enfim, se temos em realidade condições de receber a carteira.
Acho também que deveria ser levado em conta o grau de estresse em que as pessoas se encontram, sabendo de antemão como serão avaliadas e que não existe o mínimo de bom senso por parte dos examinadores.
Vale ressaltar que uma vez reprovados só podemos fazer novamente o exame após 15 dias e a cada vez que fazemos a prova temos de pagar em torno de R$ 90 além do que já foi pago.
Aproveito para relatar também outro absurdo: na última vez em que fiz a prova, uma outra candidata, que já estava fazendo o exame pela segunda vez, teve o seu teste suspenso após já ter estacionado e feito a garagem corretamente, porque quando fez o exame médico estava de lentes de contato e no dia da prova ela estava de óculos de grau.
Alegaram os examinadores que teriam de repetir o exame usando lentes de contato. E, no meu caso, em que consta uso de óculos não me perguntaram nada, nem se eu estava usando lentes de contato, já que eu não estava de óculos.
Sei que é necessário um rigor na verificação dos conhecimentos e prática do pretendente à obtenção da carteira de motorista.
Porém isto não significa que não tenham bom senso neste rigor. Imagine o senhor se na minha prática diária da medicina, também rigorosa, não tivesse bom senso na avaliação de meus pacientes.
Gostaria de pedir que o meu nome não fosse divulgado para que não haja represálias quando eu tiver que me submeter novamente ao que acabo de relatar.
Desde já agradeço e conto com sua colaboração, sendo a nossa voz para que haja alguma transformação desse processo".
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