segunda-feira, 26 de maio de 2008


RUY CASTRO

Carros sinistros

RIO DE JANEIRO - Na noite de quarta-feira, véspera de feriado e com estrada cheia, uma mulher de 58 anos dirigiu por oito quilômetros na contramão da rodovia dos Imigrantes, apavorando e obrigando centenas de motoristas a se desviar dela. Só parou no posto da polícia. Parecia embriagada.

No Rio, há uma semana, uma mulher estacionou seu carro em frente a uma clínica nas Laranjeiras. Ao subir na calçada (desatenta, de ré e em alta velocidade, segundo uma testemunha), atingiu um médico de 61 anos, que chegava para o trabalho.

Pensando "que se tratava de um obstáculo", imprensou-o contra a fachada e provocou-lhe fraturas no crânio e por todo o corpo. O médico morreu em minutos.

Dois dias antes, no Jabaquara, zona sul de São Paulo, um mecânico de 18 anos acelerou seu carro e jogou-o contra um grupo de jovens num estacionamento, ferindo 23.

Vários foram internados com fraturas nos hospitais da região. O agressor alegou que temia ser linchado por eles, que teriam assediado sua namorada numa festa de que todos participavam.

Estes são apenas três casos de grande violência nos últimos dias envolvendo carros. Em todos, o motorista estava estressado, alterado, descontrolado ou coisa pior.

O normal seria pensar que o carro nas mãos dessas pessoas tornou-se uma arma, não? Mas, e se forem os carros que, como num filme B de "science-fiction" dos anos 50, estiverem ficando autônomos e fazendo do homem uma arma contra seus semelhantes?

Ou, então, os carros podem também já estar agindo por conta própria. Outro dia, em São José dos Campos, uma infeliz dona de casa, de 49 anos, estacionou seu Gol na garagem e desceu para fechar o portão.

O bicho se soltou e avançou sozinho sobre ela, matando-a. Calma, é "science-fiction", e classe B.

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