sábado, 24 de maio de 2008



24 de maio de 2008
N° 15611 - Paulo Sant'ana


Perigo à vista

É inacreditável: deu no Jornal Nacional que só em 2007 foram derrubados 100 milhões de árvores na Amazônia.

O presidente Lula já foi visivelmente alertado para o perigo à segurança nacional que encerram o molestamento, a agressão e finalmente a destruição da floresta amazônica.

Tanto que escolheu já dois ministros preservacionistas para o Ministério do Meio Ambiente: Marina Silva, no início do governo, e Carlos Minc, agora, em substituição a Marina.

É que o governo brasileiro está bem atento às advertências de líderes internacionais de que a Amazônia é um "patrimônio internacional", o que quer dizer, em última análise, que, no momento em que a imensa floresta estiver em grande risco, pode haver intervenção militar estrangeira no Brasil.

Se os EUA invadiram o Iraque sob alegação de perigo iminente à segurança geopolítica e militar do Oriente Médio, conseqüentemente ao mundo ocidental, baseando-se no pretexto de que Saddam Hussein fabricava armas químicas, o que veio a se comprovar era uma falácia, imaginem o que pode acontecer com o Brasil no caso de agressão máxima à Amazônia pelos predadores brasileiros.

Se decidirem intervir militarmente na Amazônia, os EUA terão não só o apoio irrestrito de seu povo, que foi obtido com indecisão e suspeita no caso do Iraque, como de toda a comunidade internacional.

Até a ONU escalará tropas estrangeiras de diversos países para invadir o Brasil, ela que foi contra a invasão do Iraque.

Evidentemente que isso, se acontecer, não ocorrerá em breve, mas a probabilidade de que aconteça, também pelo aquecimento global, é muito grande em alguns anos.

O motivo de uma provável invasão do Brasil por tropas estrangeiras será impactante em todo o mundo: a sobrevivência ambiental no planeta.

Não há nada que possa mais comover a opinião pública mundial do que isso, o clone de George Bush que estiver no poder em Washington não terá nenhum trabalho para obter autorização da ONU e da Europa para a intervenção no Brasil.

Em face dessa gravidade, é absolutamente inconsistente a alegação de que as Forças Armadas brasileiras, pelas normas constitucionais, não podem se dedicar a tarefas policiais, como a de proteger a Amazônia, diante do anúncio do novo ministro do Meio Ambiente de que requisitará o uso do Exército para patrulhar e defender os parques nacionais e as reservas extrativistas.

A tarefa do Exército, nesse caso, seria absolutamente constitucional: a máxima segurança nacional.

Não pode haver mais apropriada aplicação do uso do Exército do que essa: a defesa da soberania nacional, ameaçada se a Amazônia continuar a ser seriamente agredida pelos agentes internos.

Entre todos os países amazônicos, as Guianas, o Peru, a Colômbia, a Venezuela e o Equador, o mais importante, mais populoso e mais repleto de riquezas é o Brasil, justamente a nação que vem mais agredindo esse manancial.

Diversos importantes líderes estrangeiros têm defendido a tese de que a Amazônia pertence a todo o mundo - e não ao Brasil.

Al Gore, o ex-vice-presidente, foi explícito: "Enganam-se os brasileiros se julgam-se proprietários da Amazônia, ela pertence a todos nós".

Pode ser atrevida e arrogante essa afirmação, mas ela ganhará consistência mundial abrangente se a consciência dessa compreensão for ligada ao crescimento alarmante da dilapidação das riquezas da grande floresta, que está alarmando as autoridades brasileiras.

Nunca li em nenhum lugar essa hipótese de intervenção estrangeira no Brasil.

Mas pelos assuntos paralelos todos que leio nos jornais, tenho firme convicção disso.

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