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domingo, 18 de maio de 2008
ELIANE CANTANHÊDE
E agora, Josés?
BRASÍLIA - A perícia técnica da Interpol, concluindo que os arquivos do computador do líder das Farc Raúl Reyes são autênticos, deixam o nosso Hugo Chávez em maus lençóis.
A principal revelação dos arquivos é que o Equador tem mesmo relações com as Farc e que a Venezuela estaria disposta até a enviar armas e US$ 250 milhões para o grupo guerrilheiro.
Até agora, a diplomacia do governo Lula tem sido até agressiva, nuns casos, e compassiva, em outros, quando se trata de países pobres que vêm adernando à esquerda, como Bolívia, Equador e Paraguai.
Foi, também, determinante para a recriminação da Colômbia pela invasão do território equatoriano para aniquilar o acampamento das Farc liderado por Reyes.
A mesma forma incisiva, porém, não se repete quando o tema em questão é a guerrilha colombiana nem quando o personagem envolvido é Chávez. Nesses casos, a braveza descamba para a complacência, sob o argumento da "não ingerência".
Em suma, a diplomacia parece recuar diante das velhas alianças do partido do poder com movimentos considerados de esquerda no continente -como as Farc, que, para o Brasil, são "um problema interno da Colômbia".
O documento da Interpol, porém, força o Brasil a refletir e provavelmente rever duas posições. Quanto às Farc: até quando é possível lavar as mãos? Quanto a Chávez: ele é inofensivo ou está financiando uma guerrilha para derrubar um governo legal e constitucional?
A reação imediata de Chávez foi, como sempre, retórica. Para ele, o trabalho da Interpol (polícia internacional) foi "um show vergonhoso" e "ridículo". E, para o Equador, o documento "não tem valor jurídico". Mas eles estão contra a parede.
Uribe, da Colômbia, deve estar morrendo de rir. Já o Brasil vai ter de, enfim, enfrentar o touro, as Farc e a Venezuela a unha, e não deve estar achando graça nenhuma.
elianec@uol.com.br
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