Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 31 de maio de 2008
31 de maio de 2008
N° 15618 - Paulo Sant'ana
Os desistentes
Vejam bem os leitores o desespero e o desengano de que são tomados os que necessitam de serviços médicos urgentes e percorrem os hospitais, são mandados de um lado para outro, se quedam apatetados e impotentes em macas pelos corredores e enfermarias, levam 10, 15, 20, 30, 40 horas para receber a acolhida médica ou o mínimo atendimento.
Diante do apocalipse de se sentirem enjeitados pelo sistema, sem qualquer atenção, desistem completamente e vão se entregar à doença em casa, apodrecer vivos ante a indiferença e a frieza do establishment único dominante. Desistem e não sabem mais para onde ir. Vão morrer em casa, com sofrimentos atrozes, como os elefantes. Eis uns desses relatos:
"Prezado Paulo SantAna, contarei aqui o que me aconteceu neste feriado de Corpus Christi. Enfatizo que esta narrativa é a mais pura verdade, sendo que pensei até em ir a uma delegacia de polícia, porém achei que seria uma perda de tempo.
Minha esposa operou de emergência a veia safena da perna esquerda, em junho do ano passado, pelo SUS, na Santa Casa. Agora, depois de muitos exames, pela Unimed, com três médicos diferentes e tomando praticamente durante um ano um remédio anticoagulante (Marcoumar 3mg), fez trombo na perna direita.
Como o plano de minha empresa não inclui hospitalização, fomos até o Hospital de Clínicas com uma requisição para baixa, assinada por um médico da Unimed. Qual não foi nossa surpresa ao sermos informados de que somente poderiam baixá-la após passar por um posto de saúde.
Diante disso, nos dirigimos até a emergência do SUS na Santa Casa, tipo às 9h do dia seguinte ao feriado, ou seja, na sexta-feira, onde ela ficou esperando para ser atendida até mais ou menos as 14h, quando fui levar-lhe algo para comer.
Até as 21h, ainda não tinha sido atendida pelo especialista (hematologista), por isto fomos para casa, com o acordo de voltarmos na manhã seguinte, para então o médico atendê-la. Sábado pela manhã, lá estávamos nós.
Depois de ser atendida pelo mesmo médico que a operou, foi encaminhada para a sala de observação, onde ficou no corredor, isto mesmo que eu disse, no corredor, junto com mais cinco ou seis pessoas, até o domingo às 14h, em cima de uma maca.
Não recebeu alimentação, tampouco medicação, exceto o que lhe levei, pois estava num vácuo, intervalo ou coisa que se equipare, esperando por um leito para a bendita baixa.
Note que numa sala logo em seguida após uma porta dupla de vaivém, como as de faroeste, havia várias camas com pessoas esperando pelo mesmo motivo, a falta de leito.
Depois de aproximadamente umas 40 horas de espera, ela, vendo o sofrimento daqueles seres humanos ali jogados como indigentes e ouvindo que havia gente com uma semana de espera, se desesperou e resolveu ir para casa.
Se era para morrer, que fosse numa cama macia e após um bom banho quente, pois até isto lhe foi negado, visto que no banheiro, comum para homem e mulher, existia chuveiro, mas era aberto, isso mesmo, sem chave na porta, sem privacidade.
Nesse local, peço a Deus jamais cair, pois me pareceu só faltar o bicho feio para ser o verdadeiro inferno. Restou a indignação e revolta em ver nos meios de comunicação nossos governantes apregoarem que a saúde vai bem.
Lá no Hospital Mãe de Deus, quando consulta pela Unimed, minha esposa é baixada sempre, devido à gravidade de sua enfermidade, mas como o plano não tem hospitalização, isso não acontece. Solicitei sua inclusão no plano M1, onde tem direito a 15 dias de internação, após uma carência de um mês.
Talvez se houvesse alguém com poder suficiente para mandar prender os responsáveis por aquela espelunca, chegasse até lá e visse o que ali ocorre, poderiam as pessoas mais humildes e necessitadas terem um alento para suas dores.
Meu nome é Carlos Roberto Stahl, (carlosstahl@terra.com) e autorizo a divulgação deste episódio que espero não mais presenciar. Um abraço de um seu admirador pelo poder de indignação com as injustiças cometidas por aqueles que deveriam justamente, senão evitá-las, amenizá-las".
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